Iniciado na noite de terça-feira (20), na Universidade Federal da Fronteira Sul, em Chapecó (SC), o IV Encontro Internacional de Ciências Sociais e Barragens busca reflexões no meio acadêmico e popular sobre questões relativas à construção de barragens no Brasil e no mundo.
O encontro ocorre em um momento de grande comoção nacional devido ao crime ocorrido em Mariana (MG) – onde se rompeu uma barragem de rejeitos da Samarco (Vale/BHP Billiton) –, como também da recente descoberta do corpo da militante do Movimento dos Atingidos por Barragens, Nilce de Souza Magalhães (Nicinha), que foi assassinada e jogada com pés e mãos amarrados no lago da Usina Hidrelétrica Jirau, construída no meio da Amazônia brasileira, no estado de Rondônia.
Estes dois fatos – Mariana e o assassinato de Nicinha – somam-se a recente agressão cometida pela Polícia Militar do Paraná, controlada pelo governador Beto Richa (PSDB), contra atingidos por barragens que ocupavam a Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu.
Para os cientistas sociais e estudiosos do tema presentes no evento, como os professores Henri Hacserlad, Carlos Vainer e Andréia Zhouri, os fatos acima citados fazem parte de uma prática social que significa uma grande violência na vida das comunidades atingidas, que veem sua vida destruída ou enormemente prejudicada com a construção das barragens, sem receber as devidas compensações.
O coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), José Josivaldo de Oliveira, afirmou que o encontro é muito importante para aprofundar o nível de conhecimento e reconhecimento no ambiente acadêmico das graves consequências da construção de barragens na vida das populações atingidas em todo o Brasil e na América Latina.
Além de pesquisadores e atingidos por barragens do Brasil, participam do encontro representantes de mais 13 países da América latina e da Europa. Os debates prosseguem até o próximo dia 23.
Após o encontro, atingidos por barragens dos vários países presentes estão discutindo a possibilidade de lançarem um Movimento latino-americano de Afetados por Represas – MAR, com o objetivo de organizar coletivamente a resistência contra a violação aos direitos humanos, além de impulsionar o debate sobre um projeto energético popular em todo o continente.