Depois dos generosos contributos da indústria farmacêutica, as campanhas contra a legalização da canábis nos referendos de novembro nos EUA contam também com milhares de dólares dos distribuidores de bebidas alcoólicas que temem perder mercado.
Afinal não é só a indústria farmacêutica que vê a legalização da canábis como ameaça aos seus lucros. Os donos de algumas fábricas de bebidas alcoólicas também apontam a legalização como um dos fatores que pode influir negativamente nos seus cofres e estão mesmo a pagar donativos de dezenas de milhares de dólares às campanhas antilegalização. Em novembro há referendos em vários estados norte-americanos, que se realizam a par das presidenciais, em que os cidadãos escolhem se pretendem seguir o exemplo já em marcha em vários pontos do país para legalizar o uso recreativo ou medicinal da canábis.
Segundo o portal The Intercept, em pelo menos dois desses estados (Massachussets e Ariona), os industriais do álcool são dos principais doadores das campanhas antilegalização. A Beer Distributors PAC, que representa 16 distribuidoras de cerveja do Massachussets, entregou 25 mil dólares, tornando-se a terceira maior doadora. No Arizona, a Arizona Wine and Spirits Wholesale Association entregou 10 mil dólares a um grupo contra a legalização.
Para além do apoio financeiro, e à semelhança do que acontece com a indústria farmacêutica, as maiores empresas de bebidas alcoólicas apontam nos relatórios a investidores e reguladores que a eventual legalização da canábis é um dos riscos que pairam sobre o seu negócio. É o caso, por exemplo, da Brown-Forman, produtora do uísque Jack Daniels e a vodka Finlandia.
O fantasma da concorrência da canábis em relação às bebidas alcoólicas num mercado legal sempre foi agitado, tanto por defensores como opositores da legalização. Mas a experiência de legalização nos EUA, concretamente no estado do Colorado desde há dois anos, mostra que as receitas fiscais da venda de bebidas alcoólicas não se alteraram após a legalização, sugerindo que afinal a ameaça da substituição de um consumo por outro não terá grande significado.
Foto Thomas Hawk/Flickr
Fonte: Esquerda.net