Por Susan De Oliveira.
Ontem saí da UFSC e fui ao centro pelas 15h. Tinha que buscar a minha mãe no final da tarde. O horário apertado me fez optar por tomar um táxi de volta à Universidade onde deixei meu carro. Entrei e informei ao motorista meu destino. Ele tomou a direção do caminho mais longo, a Beira-Mar. Fui avisar que preferia o túnel e ele atendeu o celular no viva voz. Não me ouviu. Pensei: Já era. Depois disso, ele perguntou:
– A senhora trabalha lá, estuda?
– Trabalho.
– Huumm… A UFSC tá muito socialista?
Eu ri. – Não sei o que tu chamas de socialista.
– Eu já fui da UNE, essas coisas, mas hoje penso diferente. O serviço público é um desperdício de dinheiro. Uma amiga minha disse que o PT acabou com a qualidade da educação. E um amigo do SOS Cárdio me contou do desperdício de material dos hospitais. Coisa de louco. Se os hospitais públicos tivessem uma administração que controlasse, mas eles não sabem nem o que gastam.
– Uma amiga enfermeira me disse uma coisa bem diferente, que atualmente estão fazendo vaquinha pra terem luvas e máscaras no posto de saúde do SUS onde ela trabalha…
– Então, é o desperdício. Se controlassem não faltava…
– Senhor, não é isso…
Não quer me ouvir e me interrompe. – Claro que é. Quando o dinheiro não é público se gasta só o necessário.
– O senhor pode defender a economia de mercado, mas está enganado, o desperdício e o mal uso de dinheiro público não tem a ver com os funcionários e os serviços. Veja bem, a questão é outra…
Interrompe novamente a minha fala. – Já vi que a senhora é socialista.
– Mas eu nem falei nada…
Ele me olhou pelo espelho por cima dos óculos escuros.
Chegamos ao destino. Pedi a ele que parasse o carro antes de entrar na UFSC. No taxímetro já marcava 27, 80. Cerca de 10 reais a mais que o percurso mais rápido. Dei uma nota de 50. Ele me devolveu 20. Disse que não tinha troco.