Por Claudia Weinman, para Desacato. Info.
Neste dia 26 de julho de 2016, o coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR), do Oeste Catarinense, recebeu o companheiro, Jornalista, Raul Fitipaldi, na cidade de São Miguel do Oeste- SC. Raul chegou no aeroporto de Chapecó-SC, eram 13h45 e passou o dia junto ao companheiro Pedro Pinheiro, que o trouxe até todos\as nós.
Receber um companheiro é sempre um momento muito especial. Raul é co-fundador do Portal Desacato e da Cooperativa Desacato, com sede em Florianópolis. Desacato chega a vários países todos os dias, sendo que aqui de São Miguel do Oeste, também reportamos a verdade, por meio da Outra Informação, por essa rede de gentes que desejam e lutam pela transformação. Assim caminhamos com Raul e tantos\as companheiros\as que fazem parte do Desacato e outros meios por onde o Jornalismo é coerência política e humana.
Na noite de ontem, as meninas: Jô, Maura, Claudia B, Julia, Claudinha, apresentaram-se à Raul com uma adaptação feita do poema de Cora Coralina, intitulado: Todas as Vidas. Nele, encontram-se um pouco e muito de nós, mulheres da vida, da rua, mal vestidas, baderneiras, como parte da sociedade prefere chamar. Assumindo essa postura de mulheres da vida, oferecemos neste espaço, o que somos, para a construção desse projeto no Oeste do estado.
Todas as vidas- Cora Coralina.
Vive dentro de mim, Claudia Weinman, uma cabocla velha
De mau olhado, acocorada ao pé do borralho, Olhando para o fogo. Benze quebranto.
Bota feitiço… Ogum. Orixá. Macumba, ferreiro. Ogã, pai-de-santo…
Vive dentro de mim, Julia Saggioratto, a lavadeira do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso, d’água e sabão. Rodilhada de pano. Trouxa de roupa,
Pedra de anil. Sua coroa verde de são-caetano.
Vive dentro de mim, Maura Letícia Tesser, a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola. Quitute bem feito. Panela de barro. Taipa de lenha.
Cozinha antiga toda pretinha. Bem cacheada de picumã. Pedra pontuda.
Cumbuco de coco. Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim, Jô Pinheiro, a mulher do povo.
Bem proletária. Bem linguaruda. Desabusada.
Sem preconceitos, de casca-grossa, De chinelinha, e filharada.
Vive dentro de mim, Claudia Baumgardt, a mulher roceira.
Enxerto da terra, meio casmurra. Trabalhadeira. Madrugadeira.
Analfabeta. De pé no chão. Bem parideira. Bem criadeira.
Seus doze filhos. Seus vinte netos.
Vive dentro de NÓS as mulheres da vida.
Jô- Puta
Maura- Baderneira
Claudinha-Vadia
Claudia B- Ramera
Julia-Quenga
Minha irmãzinha… Fingindo alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim: Na minha vida.
A vida mera das obscuras.