Entrevista concedida por Marcos Weissheimer, do sítio Sul21 e blog rsurgente, durante o 5º Encontro Nacional dos Blogueiros e Ativistas Digitais, em Belo Horizonte, entre 20 e 22 de maio de 2016.
Por Rosangela Bion de Assis, para Desacato.info.
Rosangela Bion de Assis: Como é a sua atuação jornalística?
Marcos Weissheimer: Basicamente é um trabalho de construir uma outra rede de mídia alternativa aos grandes grupos comerciais de comunicação, com muita dificuldade, mas com crescente ganho em termos de qualidade e quantidade, esse encontro é um exemplo disso, há gente de várias partes do Brasil trabalhando em blogues, sites, TVweb, rádios comunitárias, desenvolvendo um sistema alternativa de comunicação. Sou mais um.
RBA: Os ativistas digitais estão conseguindo furar o bloqueio imposto pela grande mídia hegemônica?
MW: Acho que sim, ainda somos uma formiguinha perto do tamanho das grandes corporações de mídia. O principal indício disso é a forte reação contra esse Encontro (5º Encontro dos Blogueiros e Ativistas Digitais). Até um dos patrocínios foi cortado para tentar asfixiar esse movimento. É visível nas redes sociais, nas manifestações de rua, as referências midiáticas do povo que está resistindo ao golpe não é a rede Globo, nem a Folha de São Paulo, nem o jornal O Globo. Há uma gama ampla de novos atores midiáticos surgindo como os Jornalistas Livres, Mídia Ninja e tantos outros. Há muito tempo deixamos de ser uma mídia alternativa marginal.
RBA: Você avalia que a criminalização e as perseguições contra os ativistas vai aumentar nesse momento político?
MW: Há uma ameaça fascista que é real no Brasil, não é um exagero retórico. Ela se manifesta na criminalização dos movimentos sociais, sindicais e também agora na área da comunicação, contra blogueiros, sites alternativos e jornalistas que estão tentando fazer um trabalho de resistência ao processo de golpe em curso. Algo perigoso, que envolve desde a asfixia financeira até uma série de processos construídos com o objetivo claro de calar essas vozes. É uma ameaça real que vai crescer.
RBA: Qual sua expectativa em relação ao Encontro?
MW: Que se consiga fazer uma síntese desse momento político, definir algumas linhas de atuação conjunta, pra ampliar a nossa capacidade de comunicação. Nosso papel é decisivo para a democracia brasileira, que no momento está ameaçada.