Os empresários de jornais e revistas de Santa Catarina querem que os jornalistas paguem a conta da crise econômica. Na primeira reunião de negociação entre o Sindejor e o Sindicato dos Jornalistas, ocorrida nesta terça-feira, a proposta patronal foi de reajustar os salários com apenas metade da inflação acumulada até a data-base da categoria (1º de maio). A “oferta” foi prontamente rejeitada e nova rodada de negociação foi agendada para o dia 21 de junho.
A pauta dos jornalistas reivindica o reajuste dos salários pela inflação (INPC de 9,83%), mais aumento real de 5%, entre outros pedidos. O documento foi encaminhado aos Sindicatos patronais de Jornais e Revistas (Sindejor) e de rádio e televisão (Sert-SC) em abril deste ano. Na negociação desta terça, apenas os setores de jornal e revista estavam representados.
O Sindejor trouxe algumas renovações na composição de sua representação. A proposta revelada após mais de uma hora de debates, no entanto, não apresentou mudança nenhuma em termos de valorização dos jornalistas. Ao contrário, sustentando-se no discurso da crise econômica, os patrões se limitaram em propor a manutenção das cláusulas sociais e a pagar “50% da inflação”.
Também renovada, a representação dos jornalistas contou com a presença do presidente do SJSC, Aderbal Filho, do vice-presidente, Renan Antunes de Oliveira, do diretor Leonel Camasão, e do presidente da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos (Arfoc/SC), Jeferson Acevedo. Também participaram integrantes da assessoria econômica e jurídica do Sindicato.
“Crise da RBS” representou lucro líquido de R$ 89 milhões
Apesar de alegar crise nos meios de comunicação e nas receitas publicitárias, o Grupo RBS, maior empregador de jornalistas na mídia catarinense, obteve lucro líquido de R$ 89 milhões em 2015.
A partir de uma política de alta rotatividade dos empregados, a RBS reduziu o custo da folha de pagamento em oito milhões nos últimos dois anos. Em outras palavras, significa que a empresa passou a demitir profissionais mais antigos e com salários maiores para contratar novos, com salários muito menores. Os dados são do balanço social da empresa.
“O que se verifica é a redução da folha de pagamento com demissões e o enxugamento das redações dos grandes, médios e pequenos jornais”, afirmou o presidente do SJSC, Aderbal Filho. “É inadmissível que os jornais sobrecarreguem os profissionais com mais trabalho e sequer se disponham a conceder um aumento real além da inflação” completa.
Próxima negociação
Na negociação os representantes dos jornalistas deixaram claro que não levariam a contraproposta patronal para consulta às redações, pois obviamente seria rejeitada. Em seguida, o presidente do Sinderjor/SC, Ronaldo Roratto, questionou se não haveria a possibilidade de discutir outras cláusulas. O SJSC respondeu que isso é possível, mas que é necessária uma contraproposta real na qual os patrões valorizem os jornalistas.
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Fonte: SJSC.