Esta circular sistematiza as propostas de ação relativas à articulação internacional anti-golpe da Frente Brasil Popular, aprovadas na reunião do Coletivo Nacional, realizado em São Paulo no dia 6 de Maio.
Mesmo que sem uma organização centralizada pela FBP, o trabalho realizado no campo internacional pelas entidades que a compõem foi importante e exitoso. Conseguimos reverter uma “narrativa” que estava sendo construída a partir apenas das vozes golpistas, com destaque para a grande mídia. E talvez como “nunca antes na história do país” construiu-se rapidamente uma rede de solidariedade, em parte impulsionada por nós, em parte espontânea, que incluiu de partidos “amigos” a grupos de professores estrangeiros, passando pelas importantes manifestações sindicais e dos brasileiros que vivem fora do país.
Isso foi importante, e será ainda mais fundamental nesta etapa da luta. Se conseguimos de alguma maneira pautar internacionalmente a questão do golpe, temos agora que emplacar a ideia de governo ilegítimo, cujo objetivo será acabar com o “legado progressista” das nossas gestões. Não será fácil, pois caso os golpistas consumem o afastamento de Dilma, terão a “máquina” do MRE para trabalhar a seu favor. Mas isso só tornará ainda mais necessária nossa intervenção internacionais. Para isso, seguirá havendo três tipos de ações: 1) as “espontâneas”; 2) as impulsionadas pelas entidades que compõem a Frente; 3) as impulsionadas pela FBP enquanto tal. Consideramos que é positivo que seja assim, desde que consigamos compartilhar e amplificar a divulgação das informações sobre tais eventos, de modo a articulá-los e potencializá-los, evitando também as superposições. De todo modo, a avaliação é que é importante que a FBP contribua, sempre buscando a unidade com os demais coletivos, na organização também deste enfrentamento fora do país.
Nesse sentido, o Coletivo Nacional da FBP, reunido em 06/05/16, aprovou os seguintes encaminhamentos, considerando nossas ações no curto e no médio prazo (muitas delas articuladas com a ação de outros grupos de trabalho da Frente, com destaque para a Central de Mídia):
I – Até a votação do afastamento da presidenta (11 e 12/05):
1) Coletiva de imprensa dos senadores com os correspondentes internacionais (data proposta: 10/05);
2) Verificar possibilidade de que figuras conhecidas internacionalmente (Lula, Celso Amorim etc.) concedam entrevistas para grandes veículos estrangeiros. Esta não é uma ação específica da FBP (assim como também não o é a coletiva de senadores), mas poderia ser impulsionada por nós, aproveitando que a atenção mundial deverá estar voltada para o Brasil nesses dias;
3) Elaboração de uma nota da FBP voltada à comunidade internacional, que explique em linhas gerais quem somos, e que fundamentalmente reforce a denúncia do golpe em curso e a deslegitimação do governo Temer;
4) Realização de atos e ações diversas contra o golpe nas embaixadas brasileiras pelo mundo no dia 11/05, dia da votação da admissibilidade no Senado;
5) Constituição de um área internacional específica na página da FBP, para abrigar de forma centralizada o conjunto das iniciativas realizadas pelas várias entidades (atos no exterior, manifestos coletivos, declarações de personalidades ou instituições etc.; mas também documentos nossos traduzidos para outras línguas — ex: releases semanais que a CUT está enviando para as entidades sindicais internacionais). Para organizar este material, é importante que se designe alguém da comunicação que, junto com uma pessoa do grupo internacional também indicada para isso, ficará especialmente com esta responsabilidade. A tarefa consistirá, basicamente, em: a) solicitar de todas as entidades que enviem as informações tanto a respeito de suas próprias iniciativas como as de terceiros de que tenham conhecimento; b) coletar tais informações nas páginas das entidades que já fizeram algum tipo de sistematização (partidos, fundações, movimentos etc.). No caso da tradução de documentos, deverá ser montada uma equipe de colaboradores que possam contribuir com a tarefa;
6) Solicitação de que todas as entidades enviem para o grupo internacional a relação de eventos internacionais de que tenham conhecimento (fóruns sindicais, reuniões de organismos internacionais, eventos parlamentares e partidários etc.). A proposta é que as informações sejam enviadas para a Secretaria Operativa da FBP com cópia para o e-mail [email protected]. Esta relação será fundamental para os encaminhamentos da fase de luta posterior ao provável afastamento da presidenta, que propomos a seguir.
II – Nos meses posteriores ao provável afastamento (período de até 180 dias)
1) Organização de uma agenda de eventos internacionais relevantes, a partir das informações acima referidas, nos quais se deverá articular a participação de delegações da FBP, constituídas por representantes de movimentos, partidos e/ou parlamentares, a depender das características da atividade. Para isso, reiteramos o encaminhamento referido acima: que as entidades enviem os eventos e datas de que tenham conhecimento. Nas conversas preliminares, algumas atividades já foram arroladas:
- a) EUROLAT– Reunião das Comissões Permanentes, em Lisboa (entre 16 e 18/05), com a perspectiva de realização de um ato sobre a América Latina, com destaque para a situação brasileira, no dia 16);
- b) Reunião dos Movimentos Europeus pela Paz(27 e 28/05) e Jornada contra a OTAN(02 e 03/06), em Bruxelas, atividades com a presença do Conselho Mundial pela Paz;
- c) Conferência Internacional do Trabalho (OIT),em Genebra (30/05 a 10/06), com a perspectiva de realização de um ato contra o golpe no Brasil;
- d) Encontro do Foro de São Paulo, em El Salvador (entre 23 e 26/06);
- e) Fórum Social Mundial, em Montréal, Canadá (09 a 14/08), no qual a FBP deverá inscrever uma atividade com esse caráter de denúncia sobre o golpe e a ilegitimidade do governo;
- d) Assembleia Geral da ONU(setembro), nos EUA.
2) Junto à definição dos eventos internacionais prioritários, que deverá ser feita de modo a possibilitar a participação de representantes da FBP no máximo de atividades possível com os menores custos de deslocamento, será definida também uma agenda de visitas a lideranças partidárias e de movimentos sociais, parlamentares e personalidades dos países visitados, articuladas à realização de atos públicos e a concessão de entrevistas a veículos da imprensa estrangeira.
3) Tais viagens deverão ser, na medida do possível, articuladas com agendas internacionais a serem feitas também por Lula e pela própria Dilma (tais agendas evidentemente dependerão das condições gerais para isso).
4) Realização de um evento internacional de denúncia contra o golpe e o governo ilegítimo no Brasil, para o qual poderiam ser convidados ex-presidentes, chefes de estado, personalidades do mundo da cultura, intelectuais, dirigentes políticos etc. A proposta preliminar é que ele seja realizado no mês de julho. O formato ainda deverá ser melhor definido. Por exemplo, poderia ser na forma de um “Tribunal Internacional” para julgar o golpe. Também há que se avaliar, no próprio curso da luta, se é melhor realizar um evento exclusivamente internacional ou um grande evento nacional com a participação de convidados internacionais.
Não ao Golpe, Fora Temer!
Saudações
Fonte: Frente Brasil Popular via e-mail