Por Ana Carolina Peplau Madeira, de Florianópolis, para Desacato.info.
Sindicatos de trabalhadores de vários segmentos estiveram reunidos na tarde de quinta, 14, desde às 15h, na Praça Tancredo Neves, em frente à Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em uma manifestação contra o Projeto de Lei 257/2016. Chamados pelo Fórum dos Servidores Públicos Federais, contaram com presença de representantes de entidades estaduais como a Associação dos Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, municipais, como Sintrasem e juntos protestaram contra a perda de direitos adquiridos, os cortes de investimentos, a falta de concursos públicos para nos próximos dois anos, entre outras propostas do PLP 257/2016.
O que parecia um evento comum, tomou proporções diferenciadas. União, apoio e solidariedade como há tempos não se via. Divergentes em vários assuntos, sindicalistas, associados, representantes de movimentos sociais e segmentos da sociedade civil unidos contra o Projeto de lei. Representantes do SindSaúde/SC haviam explicado que teriam que sair do ato para acompanhar o Pregão Eletrônico 0986/2016, chamado de Pregão das Farmácias, que ocorreria no mesmo dia, às 16h, na Secretaria Estadual de Saúde (SES). Convidaram aos demais para participarem.
Depois de algumas explanações sobre o projeto de lei, todos caminharam até a secretaria. No caminho, por telefone, manifestantes foram informados que a presidência do SindSaúde foi recebida na porta da SES com gás de pimenta. Pregão não era para ser público? Transparente? Empresários jogaram trabalhadores contra trabalhadores.
Sind Saúde/SC
Representantes do Sind Saúde/SC, incluindo a presidente Edileusa Fortuna, a diretora Simone Hagemann e outros tentaram entrar no prédio da Secretaria Estadual de Saúde. Os policiais que faziam a segurança do lugar permitiram que apenas cinco sindicalistas fossem acompanhar o pregão. Os demais foram insistir e receberam gás de pimenta, na altura do rosto. Algumas pessoas chegaram a cair no chão no momento do susto, houve um pouco de dispersão, mas sem ferimentos.
Edileusa comentou que naquele momento em que manifestantes contra PLP 257 chegaram, havia policiais do lado de dentro do prédio e fora, sendo que os que estavam fora apoiavam o movimento (se referindo aos representantes da Aprasc). “Foi dirigido à diretoria do SindSaúde gás de pimenta, mas não precisava disso para impedir a entrada de trabalhadores. Não precisava colocar trabalhadores contra trabalhadores, nem contra mulheres”, ressaltou a presidente Edileusa, ainda com os olhos vermelhos.
Por coincidência as mais atingidas foram mulheres, entre elas, uma já aposentada. A diretora Simone contou que houve brutalidade, “policiais homens, não havia uma policial mulher. Eles tiraram seus nomes da farda e atiraram o gás nos meus olhos. Eu estava agachada e ele não parou”.
Entenda o PLP 257/2016
Segundo a coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida Maria Lucia Fattorelli, o PLP 257 inclui exigência de privatizações, reforma da Previdência nos estados, congelamento de salários e corte de dezena de direitos sociais. Traz risco aos direitos dos servidores e a qualidade do serviço, e ainda transformar a União em “seguradora internacional para investidores” e garantir “remuneração da sobra de caixa de bancos”.
O coordenador-geral do Sindprevs/SC e do Núcleo Catarinense da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD/SC) Luciano Wolffenbüttel Veras comentou que o projeto conseguiu unir todas as categorias. Aproveitou para convidar a todos a participar das reuniões da ACD/SC. Adiantou que o núcleo está analisando as dívidas estaduais e já encontrou diversos indícios de ilegalidades nelas.
O diretor da Aprasc Amauri Soares falou representando da Intersindical, que o Sistema da Dívida não é exposto na mídia porque não interessa aos grandes grupos de comunicação e que o PLP 257 foi feito para tirar os direitos e avanços conquistados desde a promulgação da Constituição de 1988.
Acrescenta que o projeto congela salários, evita a realização de novos concursos por dois anos, está “cravado de inconstitucionalidades”. O PLP 257 congela até o salário mínimo, e terá consequências diretas sobre toda a sociedade. O presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais do Tribunal de Contas (Sind Contas) Sidnei Silva acrescentou que já ouviu do setor patronal que uma hora de almoço é muito para trabalhador e que 15 minutos é suficiente.