Por Gustavo Lopes, para Desacato.info.
Em uma cidade em que avenidas milionárias dividem espaço com comunidades carentes em ocupações de risco, o contraste urbano há muito tempo grita por uma maior responsabilidade social. Subsistir em situação de rua, com acesso precário às condições básicas de vida e pouco ou nenhum vínculo afetivo, é também uma infeliz realidade de muitas pessoas de Florianópolis. Porém, há quem viabilize transformações de grande significado para este cenário.
Neste domingo, um grupo de voluntários realizou o evento “MoviMenteAção- Rua” em frente à Catedral Metropolitana de Florianópolis. A mobilização iniciou-se nas redes sociais, com a criação do evento no Facebook convidando voluntários para uma ação social com moradores de rua. Em pouco tempo a proporção de pessoas dispostas a ajudar cresceu e logo já existiam dez comissões diferentes para executar o projeto.
Foi oferecido à população os serviços de corte de cabelo e barba, manicure, doação de roupas, alimentação no local, apresentações artísticas e karaokê. O caminhão carregado de roupas e a fila do almoço que atravessava o quarteirão não foram os únicos pontos significativos do evento. Em ritmo descontraído, a aproximação dos voluntários com o público permitiu o desabafo de sentimentos e da referência de lar perdida para alguns. A proposta do evento não é apenas uma ação assistencialista, explica o organizador Pedro Oliveira, a ideia é aproximar laços com este público e conhecer suas histórias.
Muitas das pessoas que tem uma vida marcada por rompimentos sociais e enfrentam o preconceito estigmatizado da situação de miséria, tendem a potencializar o sentimento de desqualificação social. Ações voluntárias como estas se mostram passíveis de acontecer com esforço coletivo e o resultado pode ser transformador para aqueles que as recebem. O vínculo oportunizado pretende se repetir, segundo a organização, que já pensa em se preparar para o inverno da cidade.
Anderson da Costa, conhecido nas ruas como Nico, agradece: “Às vezes eu consigo umas moedinhas, hoje construíram isso para nós e eu ganhei roupa e comida. Eu só tenho a agradecer ao pessoal desta campanha que veio fazer a gente feliz, tem gente que nos quer longe mas também tem gente que nos quer bem.”