Por Beatriz Diniz.
Não, não somos idiotas. A Samarco investe em publicidade para tentar tirar sua imagem da lama. A indignação se espalhou pelas redes sociais e chegou ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que recebeu umas 50 reclamações e abriu processo nesta quinta (18/02) para checar a veracidade das informações “vendidas” no comercial que está na televisão.
A campanha Fazer o que Deve ser Feito, da Tom Comunicação, até seria bonita e tocante se correspondesse aos fatos. Não é o caso. O noticiário registra as irregularidades, despreparo, omissão, pressão para reação, resistências que a Samarco pratica. Pegou mal, mas não surpreende. Afinal, a comunicação de uma empresa é reflexo de sua gestão, assim como sua imagem e reputação.
Os efeitos negativos do rompimento da barragem em Mariana (MG) e do tsunami de lama na imagem da Samarco são minúsculos diante da grandeza e da gravidade do desastre ambiental e dos prejuízos sociais e econômico que a empresa provocou. Se tivesse feito antes o que deve ser feito, não teria que “reparar os danos”.
Sim, o comercial pode ser tirado do ar, depende do julgamento do relator do processo no Conar. E a gente pode trocar de canal sempre que aparecer na TV a publicidade da Samarco.
Um dos vídeos no YouTube da Samarco é sobre ações ambientais para recuperação do Rio Doce. Zé de Sabino, pescador da região contratado para monitorar danos no rio, chama o desastre de acidente, conta da presença rápida da empresa e diz que não tem poluição, que os peixes estão todos vivos. Só que não!
Saiba mais sobre a campanha da Samarco e o processo no Conar nas matérias de Cristiane Marsola e Rafael Vazquez para o jornal do mercado de comunicação Propmark:
http://propmark.com.br/anunciantes/conar-abre-processo-contra-samarco
http://propmark.com.br/anunciantes/samarco-tenta-tirar-nome-da-lama-com-campanha-publicitaria
Com Marcia Pimenta e Bosco Carvalho
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Fonte: Revista Ecológica.