Por Viviane Vaz.
A primavera e o verão costumam ser as estações do ano mais esperadas pelos europeus, principalmente nos países onde o inverno é rigoroso e com poucos dias de luz do sol. Mas, este ano, os europeus iniciam uma corrida contra o tempo para prevenir a disseminação do vírus zika nos períodos mais quentes do ano.
“Vários viajantes infectados com zika entraram na Europa, mas o ciclo de transmissão da doença não continuou, porque o mosquito ainda está inativo. Com a chegada da primavera e do verão, aumenta o risco de o vírus zika se espalhar”, afirmou nesta quarta-feira a diretora regional da OMS para a Europa, Zsuzsanna Jakab. Apesar de não haver ainda indícios de infecções contraídas na Europa, vários países registraram casos de cidadãos europeus que foram infectados em viagens: Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Portugal, Espanha, Grécia, Itália, Irlanda e Reino Unido. Jakab considera que “agora é a hora para os países se prepararem para reduzir o risco à população”. “Todos os países nos quais há mosquitos do gênero Aedes podem estar em risco”, alertou a diretora regional.
Um estudo publicado em junho de 2015 por Moritz U.G. Kraemer, da Universidade de Oxford, com a participação de uma rede de pesquisadores, inclusive de Roberta G. Carvalho, da Universidade de Brasília, fornece previsões sobre a distribuição de duas espécies de mosquitos “Aedes” ao redor do globo: Aedes aegypti e Aedes albopictus. Os dois são vetores do vírus da dengue, da febre amarela e do vírus chikungunya. O Aedes aegypti transmite também o vírus zika e pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) ainda estão estudando se o Aedes albopictus também poderia transmitir o zika.
“Os mapas atualizados mostram que estes mosquitos Aedes agora são encontrados em todos os continentes, incluindo a América do Norte e Europa”, explica o estudo liderado por Kraemer. “Mas as distribuições das duas espécies diferem acentuadamente em um número de lugares”, detalha a publicação. No que se refere à Europa, o Aedes aegypti apresenta relativamente poucas áreas de adequação, como na Espanha e na Grécia. Por outro lado, a distribuição de Aedes albopictus se estende para o sul da Europa.
Plano de prevenção
A OMS indicou que ainda não existe vacina ou tratamento para a doença, por isso a estratégia para o continente europeu se baseia no controle e eliminação dos locais de reprodução do mosquito, na aplicação de inseticidas e na morte das larvas.
Em dezembro do ano passado, a Comissão Europeia (braço executivo da União Europeia) também apresentou uma lista de conselhos para os cidadãos do bloco tomarem precauções individuais, principalmente no sentido de evitar a contaminação por picadas de mosquitos em viagens, sobretudo as mulheres grávidas.
No entanto, o plano de prevenção ainda não foi discutido no Comitê de Segurança da Saúde (CSS) da Comissão Europeia. A assessoria de imprensa de Saúde Pública do bloco informou à reportagem que os membros do CSS devem se reunir no próximo 9 de fevereiro para discutir os últimos desenvolvimentos do surto zika e as opções para mitigar a ação do vírus. Por outro lado, a Comissão Europeia já pediu aos Estados-membros para aprovarem um fundo emergencial no valor de 10 milhões de euros para ajudar nas pesquisas contra o vírus.
Fonte: Diplomatic