Por Conceição Lemes.
Antônio David é pós-dourando em Filosofia na USP, leitor do Viomundo e frequentemente nos brinda com suas análises políticas argutas, diferenciadas mesmo, e muito claras. Antônio age e pensa “fora da caixa”.
Nesta sexta-feira, 5 de fevereiro de 2015, ele resolveu questionar a Companhia do Metropolitano de São Paulo com esta singela pergunta: Por que o metrô de São Paulo fecha as portas após manifestações pela redução de tarifas e libera as catracas em manifestações pró-impeachment?
Todos se lembram de que o metrô liberou a catraca para os manifestantes pró-impeachment em 2015. Pelo menos duas vezes.
E todos viram também que, por diversas vezes, a mesma Companhia fechou os portões das estações ao cabo dos protestos pela redução da tarifa. Inclusive na última manifestação, ocorrida no final de janeiro.
Como a política de uso da perfil da Companhia no Facebook faz menção as “perguntas e solicitações de usuários”, Antônio resolveu perguntar por que liberar a catraca em um caso e fechar os portões em outro.
Postou cinco vezes, sem que tenha havido qualquer resposta. Fez a pergunta e postou imagens das duas manifestações: catraca liberada e portões fechados.
Na quinta vez, a Companhia do Metrô surpreendentemente apagou os posts de Antônio e o bloqueou.
“Considerei autoritária e arbitrária essa decisão, pois minha pergunta não se enquadra em nenhum dos itens que justifique a atitude da Companhia”, conta-nos Antônio.
Ele então criou uma nova conta e fez a mesma pergunta pela sexta vez.
Finalmente, a Companhia resolveu se manifestar.
“Para a Companhia, a decisão de liberar a catraca, em um caso, e fechar os portões, em outro, não é curiosamente ‘tema referente ao Metrô e sua operação’”, observa Antônio. “O Metrô reconhece o viés ideológico.”
No início da tarde dessa sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016, o Viomundo questionou a assessoria de imprensa do Metrô, fazendo a mesma pergunta de Antônio David.
Mandamos a demanda por e-mail.
Em seguida, ligamos para assessoria de imprensa, querendo saber se a nossa mensagem havia chegado.
Estranhamente, a colega que atendeu não localizou nada. Ela ficou de verificar melhor e ligar em seguida.
Como quase três horas se passaram e não houve retorno, ligamos novamente para a imprensa do metrô. Desta vez, fomos atendidos por um funcionário, que, ao ser questionado por esta repórter, se identificou como Carlos Alberto.
Repetimos a demanda e perguntamos pela resposta e travamos,então, este diálogo, a partir do que ele disse:
– Não tem resposta.
– O Metrô não vai responder?
– Para vocês não tem resposta.
– Qual o teu cargo?
– Analista de imprensa.
– Você então é Carlos Aberto, analista de imprensa?
– Sim.
Em seguida, desligou o telefone.
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Fonte: Viomundo