A ministra da Justiça da França, Christiane Taubira, renunciou ao cargo na quarta-feira (27/01) por discordar da proposta que visa retirar a cidadania francesa de pessoas condenadas por terrorismo. A medida deTaubira já havia expressado seu desacordo com o projeto em dezembro, afirmando que a proposta “não ajudaria de modo algum a luta contra o terrorismo” e anunciando que ela tinha sido retirada.
A renúncia foi aceita pelo presidente François Hollande e o cargo que Taubira ocupava já foi preenchido por Jean-Jacques Urvoas, que apoia a mudança constitucional e é aliado do primeiro-ministro francês, Manuel Valls.ve ser votada pelo Parlamento francês nos próximos dias.
Ela informou sua decisão por sua conta no Twitter. “Às vezes, permanecer é resistir; às vezes, resistir significa ir embora. Por fidelidade a si mesmo, a nós”, disse ela na rede social.
“Eles [Taubira e Hollande] concordaram na necessidade de finalizar o papel de Taubira num momento em que o debate sobre a revisão constitucional começa na Assembleia Nacional, hoje”, disse comunicado do Palácio do Eliseu.
Valls, o premiê francês, sugeriu o projeto de alteração da Constituição após os ataques do dia 13 de novembro do ano passado em Paris reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que deixou 130 mortos e mais de 300 feridos. Em entrevista à BBC na semana passada, ele disse que a França não poderá viver para sempre sob estado de emergência, mas que enquanto ainda houvesse uma ameaça todos os meios deveriam ser usados “até derrotarmos o Estado Islâmico”.
Taubira, natural da Guiana Francesa, é uma das poucas pessoas negras em postos de evidência na política francesa e foi alvo de racismo de grupos de extrema-direita durante seu tempo como ministra. Com posicionamento de esquerda, ela avançou o estabelecimento do casamento igualitário no país e discordou das recentes medidas mais duras adotadas pelo presidente francês para combater o terrorismo.
Fonte: Opera Mundi