Por Elaine Tavares.
Desde há 500 anos, quando chegaram nas nossas terras os invasores, que a proposta do mundo branco é exterminar os povos indígenas. Primeiro foi através da escravidão.Não deu certo. Depois houve a tentativa de integrar o índio na cultura branca, entendida como civilização. Tampouco foi possível. O índio que vive no mundo branco nunca é totalmente aceito. A sociedade é racista, preconceituosa e discriminadora.
Assim, não foi sem razão que o assassinato bárbaro do menino de dois anos, Vitor Kainkang – degolado por um jovem de 23 anos em Imbituba, litoral catarinense – passou sem maior alarde nos meios de comunicação. Um pouco mais de atenção e já se poderia notar a culpabilização da vítima. O que fazia a família fora da aldeia? Porque não ficam quietos nos seus lugares de origem? Porque para a sociedade dita branca o lugar do índio é confinado em algum lugar bem distante, que não incomode a vista.
Mas, os povos indígenas são povos livres que como qualquer um de nós têm todo o direito de se movimentar pelo território. Além do mais, como são relegados pelas políticas públicas governamentais e raramente tem suas terras demarcadas, eles precisam batalhar para garantir a comida na mesa. E uma das formas de sobrevivência que encontram é justamente vender seu artesanato na temporada de verão no litoral. Logo, o fato de uma família Kaingang estar no litoral, tão longe de sua terra e em condições precárias de alojamento é muito mais responsabilidade dos governos do que deles.
Daqui a quatro dias se cumprem os trinta dias do assassinato de Vitor, o pequeno guerreiro kaingang. O provável assassino está preso, mas o inquérito deve ser concluído até a próxima semana. Em Florianópolis movimentos sociais e de apoio a questão indígena, bem como representantes das três etnias (Kaingang, Guarani e Xokleng Laklãnõ, preparam uma homenagem para marcar a data do assassinato. Estão sendo organizados pelo Museu do Brinquedo um ato e uma exposição de brinquedos e brincadeiras no hall da Biblioteca da UFSC, no dia 29 de janeiro, para lembrar a meninice perdida de Vitor.
Passe o tempo que passar, nas terras indígenas ninguém vai esquecer. Até porque, outros meninos e meninas estão aí, na dura luta pela sobrevivência não só de si mesmos, mas de toda a sua cultura.
Vitor Pinto, presente!!!