Crise na UFSC

    Estudantes acampados na reitoria por condições de ensino e permanência

    Nota do Diretório Central dos Estudantes

    Há algo de podre no reino da Universidade Federal de Santa Catarina. Desde o início do ano, a comunidade universitária sente as consequências de uma expansão de vagas sem a garantia das devidas condições de permanência e ensino. O Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) muito prometeu, mas pouco cumpriu. De toda a expectativa criada pelo primeiro projeto de ampliação do ensino superior público depois de décadas, restou apenas a apreensão. Filas enormes, bem como a falta de infra-estrutura mínima para o desenvolvimento de uma educação de qualidade é o legado deste programa. Criaram-se cursos novos, mas não há salas de aula – tampouco professores. A UFSC interiorizou-se há mais de 2 anos. Mas Curitibanos, Araranguá e – principalmente – Joinville ainda operam em estruturas improvisadas.

    Sem dúvida está claro: para a construção de uma nação soberana, não bastam a simples expansão e parca ampliação de recursos. É preciso que a Universidade esteja inserida dentro de um projeto de País. É imperioso repensar a educação pública brasileira.

    Mas aos olhos da reitoria de Álvaro Prata e Carlos Paraná, tudo parece correr bem. Nem mesmo a greve dos servidores técnico-administrativos parece sensibilizá-los. Há mais de dois meses a UFSC funciona na normalidade apenas aparente: sem Biblioteca e Restaurante universitários. O trabalho administrativo como o repasse de notas e matrícula das disciplinas é feito, em geral, por bolsistas que supostamente recebem para exercer a pesquisa acadêmica – um gesto de claro desvio de função e ilegalidade. A administração central, instada a se manifestar, prefere o silêncio. Assim, o caos é institucionalizado. A exceção tornou-se a regra. Seria o momento da reitoria se posicionar em defesa da educação pública, defender nos espaços democráticos alternativas, propor e mobilizar a sociedade para que a universidade deixe de ser uma mera fábrica de diplomas e alce à sua função primordial: pensar a realidade brasileira, ser um espaço independente de reflexão e pensamento. Para que saibamos, enfim, soletrar a palavra Soberania. Mas não é o caso. Os maiores entusiastas da expansão mal-pensada da UFSC são os mesmos que escondem os rostos e furtam-se ao debate neste momento. Os mesmos que apoiaram a expansão, hoje defendem o corte de vagas no vestibular da maior Universidade Pública de nosso estado. Criaram o monstro, mas não querem assumir a responsabilidade por ele.

    Por isso, nós estudantes dizemos em alto e bom som: está vaga a cadeira de Reitor em nossa universidade. Apertem os cintos, o Reitor sumiu.

    A partir do dia de hoje, 17 de agosto de 2011, os estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina, em conjunto com o Diretório Central dos Estudantes e Centros Acadêmicos, iniciaram uma vigília no Hall da reitoria em defesa da educação pública – até que a reitoria enfim se manifeste. Reivindicamos o imediato posicionamento da reitoria contra qualquer possibilidade de corte de vagas nos cursos de graduação; bem como, por parte do reitor, a defesa sem demora do início das negociações da greve dos servidores técnico-administrativos; além do urgente provimento das condições mínimas de estrutura física e de pessoal nos campi do interior.

    Contamos com o apoio da população nessa luta em defesa da educação pública.

    Imagens: rbs

     

    1 COMENTÁRIO

    1. Para deixar claro, a manifestação está acontecendo no interior da reitoria e não no espaço de fora. É apenas uma vigília mas com o desenvolver dos dias, da mobilização e debate dos estudantes, pode tornar-se um ato de ocupação.

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