Se alguém ainda duvidava de quão artificial era o golpe contra a democracia que vem sendo urdido pela oposição, liderada pelo PSDB, em parceria com o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o voto do senador Acir Gurgacz (PDT-RO), relator que propôs a aprovação das contas da presidente Dilma Rousseff, dissipa o problema; independente de estar certo ou errado, ele comprova o óbvio: o crime atribuído a Dilma (as pedaladas) ainda não foi julgado por quem de direito (o Senado); o TCU, para quem não sabe, apenas aconselha o Senado e não tem poder de decisão; ontem, em mais um artificalismo, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira, outro herói dos golpistas, culpou a presidente Dilma por decretos assinados pelo vice Michel Temer; não vai colar
Nesta terça-feira 22, quando o senador Adir Gurgacz (PDT-RO) apresentou seu voto sobre as contas do governo Dilma Rousseff em 2014, propondo sua aprovação com ressalvas (leia aqui), o Brasil fez uma descoberta interessantíssima. As contas da presidente Dilma em 2014, apontadas como pretexto para sua cassação no pedido de impeachment desenhado pelo PSDB e acolhido por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda não foram julgadas.
Sim, quem julga as contas presidenciais é o Senado Federal – e não o Tribunal de Contas da União. A análise do TCU serve apenas como uma diretriz que pode ser, ou não, acolhida pelos senadores. Da mesma maneira, nada garante que o parecer de Gurgacz será vitorioso. Mas sua divulgação tem o mérito de demonstrar à sociedade o quão artificial era o golpe Cunha-PSDB. Aliás, se as contas de 2014 ainda não foram julgadas, o que dizer das de 2015?
Logo depois da divulgação do voto do relator no Senado, surgiu um novo factoide na narrativa golpista. O procurador Júlio Marcelo de Olivera, que atua junto ao TCU, divulgou seu parecer sobre os decretos fiscais do vice-presidente Michel Temer, que conteriam ‘pedaladas’ semelhantes às de Dilma. No entanto, segundo ele, Dilma é que é culpada pelas ‘pedaladas’ de Temer.
Júlio Marcelo, como se sabe, é um dos heróis do golpe. Logo depois que juristas avaliaram que um governante não pode ser responsabilizado por atos de um mandato anterior, ele produziu um parecer sinalizando que a presidente Dilma também ‘pedalou’ em 2015. Agora, ele afirma que Dilma é culpada pelo que Temer assinou.
Evidentemente, a tese do procurador não será aceita pelo Senado. Mas cria alguma espuma para os que ainda acreditam no golpe.
Fonte: Brasil 24/7