Show do Grupo Engenho „de trés ont’onte a dijaôji” em homenagem aos 55 anos da UFSC

Quando: 17 Dezembro 2015, Quinta-feira, às 20 horas
Onde: Centro de Cultura e Eventos, UFSC
Quanto: Gratuito

A comemoração dos 55 anos da UFSC, no dia 17 de dezembro, será com o Grupo Engenho, que apresenta o show “de trés ont’onte a dijaôji” às 20h no Centro de Cultura e Eventos da UFSC. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados mediante a doação de 1 kg de alimentos não perecíveis, exceto sal, na Secretaria de Cultura (SeCult), no Centro de Cultura e Eventos da UFSC, a partir de 7 de dezembro das 9h às 12h e das 14h às 17h.

O Engenho é um dos grupos musicais mais importantes da história de Santa Catarina, talvez o mais importante. Fundado poucos anos após a febre do rock rural dos meados dos anos 1970, mantinham deste o espírito de fusão das influências estrangeiras com as brasileiras, mas criaram uma linguagem própria. A base ritmica criada por baixo, bateria e percussão é mais intensa e dançante que a maior parte dos grupos do tipo. E sua música e letras bebem forte nas tradições e folclore do litoral catarinense, principalmente de origem açoriana.

Até aí, o Engenho podia ser pouco mais que uma associação folclórica com sonoridade mais incorporada para atender público jovem. Só que não é tão simples. A abordagem contemporânea que o grupo utilizou para revisitar as raízes tira-as do museu e as faz perenes e relevantes para qualquer tempo. O primeiro disco, lançado em 1981, chama-se “Vou Botá Meu Boi na Rua”. Na capa, o título está pichado na parede de uma antiga construção e os integrantes estão em fuga, apesar de sorridentes. Era festivo, mas ainda subversivo, no país que passava pela redemocratização. O texto da contracapa localizava sua autoria em Nossa Senhora do Desterro, não Florianópolis, clara posição política antiautoritária, ainda mais poucos meses após a Novembrada.

A música mais conhecida do grupo, “Barra da Lagoa”, fala da morte de um pescador e avisa que “hoje não tem cantoria nem vai ter boi de mamão”. “Faca com ponta espingarda e baioneta; eu nunca vi jeito mais duro de falar de opinião”, cantam em “Nó Cego”. As mãos da personagem de “Menina Rendeira” não vão ser pagas pelo tempo. Cantaram liberdade, repressão, integração latinoamericana. Na estética bordada pelo Engenho, o cotidiano e as tradições fazem parte do mesmo mundo e, assim, sua música ainda importa.

O show de aniversário não será a primeira vez que a história da banda cruza caminho com a da instituição: esses encontros vêm dese o começo. Marcelo Muniz (baixo) e Chico Thives (bateria), estudantes da UFSC e que já tocavam juntos, foram convidados a uma festa na Universidade no início de 1979 e levaram com eles o acordeonista Cristaldo Souza. Lá, conheceram Alisson Mota (violão e voz) e Claudio Frazê (percussão), que haviam feito parte do V0, conjunto formado por alunos de Engenharia também da UFSC. Com mais Joel Brito no saxofone e Érico Veríssimo (não o escritor), improvisaram uma formação para se apresentar ali e logo perceberam que havia algo de especial em sua relação musical.

Repetiram a experiência outras vezes e seus improvisos musicais começaram a atrair cada vez mais público. Decidiram seguir em frente, de maneira mais séria, com a formação estabilizada em Chico, Claudio, Marcelo, Cristaldo e Alisson, e adotaram o nome de um grupo que Marcelo e Chico haviam formado anteriormente, mas não durou muito: Engenho. Com o nome ressuscitado, os shows, agora realizados na parte superior do Restaurante Universitário, eram conhecidos como Forró do RU e ampliavam o falatório sobre a banda, mas pouco depois foram excluídos do local, pois as paredes começaram a apresentar rachaduras.

Com o sucesso dos shows, o próximo passo foi o primeiro disco, gravado pelo próprio grupo, em esquema independente. Rapidamente esgotou-se nas prateleiras das lojas locais. O segundo, chamado apenas Engenho, aprofundava a pesquisa no folclore local, em parceria com o folclorista, artista, historiador e pesquisador Franklin Cascaes. O último álbum dessa fase, Força Madrinheira, foi lançado em 1983 pelo selo também independente Lira Paulistana (o mesmo de Itamar Assumpção, Cida Moreira, Rumo, Premeditando o Breque, Língua de Trapo e outros representantes da vanguarda de São Paulo na época), com distribuição nacional da Continental. O lançamento ajudou a banda a obter maior exposição nacional, mas em 1984 aquela formação encerrou as atividades. Três anos depois, Martinho da Vila regravou “Meu Boi Vadiou”, originalmente lançada no Força Madrinheira, para seu disco O Canto das Lavadeiras.

A partir de 1998, começaram a haver retornos ocasionais, que renderam a gravação do CD Movimento, em 2003. Em 2011, uma apresentação consagradora no Festival de Música da (olha ela de novo) Universidade Federal de Santa Catarina mostrou que a música do Engenho transcendeu barreiras de geração e continua ganhando fãs. Foram homenageados em 2012 com o Prêmio Franklin Cascaes de Cultura e ,em 2014, o receberam o prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura para gravação do novo CD e DVD, que será lançado em breve.

A formação que se apresenta no show de aniversário da UFSC tem Alisson Mota (violão, cavabandorango e vocal), Chico Thives (bateria, violão e vocal), Cláudio Frazê (percussão e vocal), Marcelo Muniz (baixo, violão, bandolim, orocongo e vocal), Carlos Augusto Vieira (violino), Marcelo Besen (sanfona) e Manoella Vieira (vocais). Durante o show, o Grupo Engenho apresenta ao público o orocongo, instrumento originário do Cabo Verde (onde é conhecido como simboa) que foi integrado ao folclore de Florianópolis, mas está em extinção.

Fonte: Calendario Floripa

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