Organizações assinam manifesto pela imediata aprovação do Pronara

    Cerca de 150 organizações e movimentos populares de todo o país assinaram um manifesto pedindo que o governo implemente o mais rápido possível o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos.

    Elaborado numa parceria entre governo e sociedade civil, o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara) foi finalizado há um ano, como parte da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. A ideia principal é: com o atual nível de uso de agrotóxicos no Brasil, uma expansão da produção agroecológica é impossível.

    Durante a última semana, 150 organizações de todo o país assinaram um manifesto pedindo que o governo implemente o mais rápido possível o Pronara. Movimentos sociais, sindicatos, grupos de pesquisa, ONGs, associações de bairro, meios de comunicação e até organizações internacionais mostraram que a luta contra os agrotóxicos é uma preocupação de toda a sociedade.

    “Apesar de ainda estar longe ser um programa que possa dar um fim à tragédia dos agrotóxicos em nosso país, o Pronara foi considerado um avanço pois é o primeiro instrumento que obriga legalmente 9 ministérios a tomarem ações concretas contra os agrotóxicos.”, afirma um trecho do manifesto.

    O Ministério da Agricultura e sua ministra dos venenos, Kátia Abreu não quer. O MAPA é o único entre os nove ministérios envolvidos que coloca impedimento no Programa por afirmar a existência de “uma incompatibilidade de princípios” entre o Pronara e o ministério. Enquanto 150 organizações que representam milhões de camponeses, acadêmicos e consumidores de alimentos querem.

    Diante disso, o manifesto reivindica que a Presidenta Dilma honre seu compromisso com o povo e aprove o Pronara, uma vez que, não lançá-lo significa impor enormes barreiras ao desenvolvimento da agroecologia no Brasil.

    Confira abaixo o manifesto na íntegra:

    A Sociedade Brasileira Exige: Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos Já!

    Há cerca de um ano, após intenso trabalho articulado entre sociedade civil e governo, foi finalizado o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara). Dividido em 6 eixos, o programa detalha 137 ações concreta que visam frear o uso de agrotóxicos no Brasil. Apesar de ainda estar longe ser um programa que possa dar um fim à tragédia dos agrotóxicos em nosso país, o Pronara foi considerado um avanço pois é o primeiro instrumento que obriga legalmente 9 ministérios a tomarem ações concretas contra os agrotóxicos.

    O lançamento do Pronara já foi adiado três vezes, e era esperado durante a abertura da V Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, ocorrida no último dia 3 de novembro. No entanto, a expectativa foi frustrada. É de conhecimento geral que, dos 9 ministérios envolvidos – Agricultura, Saúde, Desenvolvimento Agrário, Meio Ambiente, Sec. Geral da Presidência da República, Trabalho, Educação, Fazenda e Ciência e Tecnologia – apenas o Ministério da Agricultura está impondo restrições ao Pronara. O MAPA está envolvido em metade das ações do Pronara.

    Reduzir os agrotóxicos no Brasil significaria a possibilidade de nosso país deixar de ser um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. Significaria também reduzir os 34.147 casos de intoxicação registrados entre 2007 e 2014, ou ainda reduzir o percentual de 64% de contaminação de alimentos detectado em 2013. Reduziria também os 7,3 litros de agrotóxicos que o país utilizou para cada habitante em 2014.

    Ao mesmo tempo, as 914.220 toneladas de agrotóxicos utilizadas em 2014 sofreriam um revés, que certamente afetaria os 12,2 bilhões de dólares faturados pela indústria dos venenos no ano passado. Por isso mesmo, não é de se estranhar que a ministra da agricultura, Kátia Abreu, afirme que há “uma incompatibilidade de princípios” entre o Pronara e o MAPA. Sabemos que o Pronara também é incompatível com o Projeto de Lei n. 3200/2015, que atualmente tramita no congresso e representa a nova estratégia ruralista para acabar com a Lei dos Agrotóxicos e criar a “Lei dos Produtos Defensivos Fitossanitários e de Controle Ambiental”. A intenção é clara: destruir qualquer tipo de barreiras ao uso de agrotóxicos no Brasil. De fato, a mesma figura que vem apregoando um suposto “preconceito contra os agroquímicos” não poderia mesmo permitir nenhum dano ao patrimônio dos 1% de proprietários de terra a quem representa.

    Acontece que nós, os que realmente trabalham a terra e produzem alimentos, não podemos mais esperar. O povo brasileiro, sobretudo moradores das zonas rurais não pode continuar cuidando de seus feridos – vítimas de câncer, má-formação fetal, abortos espontâneos e depressão – que cada vez mais adoecem à custas do lucro do agronegócio.

    Presidenta Dilma: não queremos mais contar nossos mortos. Honre seu compromisso com o povo, assumido em diversos espaços, e reafirmado durante a Marcha das Margaridas deste ano. O Pronara é parte importante do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, e não lançá-lo significa impor enormes barreiras ao desenvolvimento da agroecologia no Brasil.

    Nós, camponeses e camponesas, povos do campo, floresta e águas, cientistas, trabalhadores da cidade, consumidores e consumidoras de alimentos, dizemos que é preciso ter coragem para dar o primeiro passo: Pronara Já!

    Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e as entidades abaixo-assinadas:

    Acesso Cidadania e Direitos Humanos – Porto Alegre / RS
    Argonautas Ambientalistas da Amazônia – Pará
    Articulação de Mulheres Brasileiras –  AMB
    Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana – AMAU – Região Metropolitana de Belo Horizonte / MG
    Articulação Mineira de Agroecologia – AMA
    Articulação Nacional de Agroecologia – ANA
    ASFOC – Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Fiocruz 
    Associação Brasileira de Agroecologia – ABA
    Associação Brasileira de Homeopatia Popular – ABHP
    Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO
    Associação Brasileira para Agricultura Orgânica – Agro-Orgânica
    Associação de Apoio as Comunidades do Campo do RN – AACC/RN 
    Associação de Defesa do Meio Ambiente  – AMAR – Aruacária / PR
    Associação de Pesquisas e Práticas em Humanidades – APPH
    Associação de Produtores e Moradores do Xuri – Vila Velha / ES
    Associação do Semiárido da Microrregião de Livramento – ASAMIL
    Associação dos Moradores do Bairro Porto Seguro
    Associação dos Moradores e Amigos do Jardim Botânico – AMAJB
    Associação dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do PECMA – ASIBAMA/DF
    Associação dos Servidores Federais da Área Ambiental do Estado do RJ – ASIBAMA / RJ
    Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN
    Auê – Esstudos em Agricultura Urbana da UFMG
    Banco Comunitário do Preventório / RJ
    Casa da Cultura do Urubuí – CACUÌ
    Central Única dos Trabalhadores – CUT
    Centro Burnier Fé e Justiça
    Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – CEPEDES/ MG
    Centro de Estudos e Pesquisa Ruy Mauro Marini
    Centro de Orientação Ambiental Terra Integrada – Jundiaí – COATI
    Centro de Tecnologia Alternativa – CTA
    Centro Ecológico
    Centro Sabiá
    Coletivo Grão de Saúde do Campo
    Coletivo Nacional de Agricultura Urbana
    Coletivo Nossos Quintais – BH/MG
    Comissão Pastoral da Terra – CPT
    Comitê Chico Mendes
    Comitê Popular do Rio Paraguai 
    Comitê Pró-Haiti
    Comunidade que Sustenta a Agricultura – CSA / MG
    ComVida Ponto de Cultura – Pará 
    Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG
    Conselho Indigenista Missionário – CIMI
    Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB. 
    Consulta Popular – Distrito Federal 
    Cooperativa de Trabalho, Consultoria, Projetos e Serviços em Sustentabilidade
    Coordenação Nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAQ
    CTA – Natal
    Escola Latinoamericana de Agroecologia – ELAA
    Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE
    Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil – FEAB
    Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar – FETRAF / Brasil
    Federação Interestadual dos Nutricionistas dos Estados de AL, BA, MS, PA, PE e SP – FEBRAN
    Fórum Brasileiro de Economia Solidária – FBES
    Fórum da Amazônia Oriental – FAOR
    Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense – FMAP
    Fórum Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul
    Fórum Estadual de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional – FESSAN / PR
    Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos – FGCIA
    Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – FORMAD
    Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social
    Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos
    Fórum Pernambucano de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos na Saúde do Trabalhador, Meio Ambiente e Sociedade
    Fundación para el Desarrollo de Políticas Sustentables – FUNDEPS – Córdoba / Argentina
    Greenpeace Brasil
    Grito dos Excluídos/as Continental
    Grupo Aroeira – BH/MG
    Grupo de Estudos em Educação e Meio Ambiente – GEEMA
    Grupo de Intercâmbio em Agroecologia de Mato Grosso – GIAS
    Grupo de Pesquisa e Ação Direitos de Gaia e Desenvolvimento Ambiental no Contexto Amazônico – UFPA 
    Grupo de Pesquisa em Políticas Sociais – GPPS – Unioeste / PR
    Grupo Raízes
    Grupo Semente da Chapada dos Guimarães – MT
    GT de Agroecologia do Grupo de Pesquisa em Filosofia, História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia do IEA – USP
    Homa – Centro de Direitos Humanos e Empresas
    Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares – UFRGS
    Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC
    Instituto Consciência Planetária
    Instituto Contestado de Agroecologia – ICA
    Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
    Instituto de Pesquisas em Ecologia Humana – IPEH
    Instituto Equipe de Educadores Populares – IEEP
    Instituto EQUIT – Gênero, Economia e Cidadania Global
    Instituto Informação em Educação Ambiental – IIDEA
    Instituto Maniva
    Iser Assessoria – Rio de Janeiro
    Jornal Abaixo-Assinado – Jacarepaguá / RJ
    Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães.
    Laboratório di Economia e Marketing Agroalimentare – Unite – Itália
    Laboratório e Grupo de Pesquisa de Geografia das Lutas no Campo e na Cidade – GEOLUTAS
    Mandato Popular do Vereador Paulo Búfalo – PSOL – Campinas / SP
    Marcha Mundial de Mulheres – MMM
    Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia – MAMA
    Movimento de Luta de Bairros, Vilas e Favelas – MLB
    Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
    Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
    Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
    Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
    Movimento e Articulação de Mulheres do estado do Pará – MAMEP
    Movimento em Defesa dos Direitos Sociais
    Mutirão de Agroecologia – MUDA / UFRJ
    Núcleo de Agroecologia e Campesinato – UFVJM.
    Núcleo de Agroecologia e Educação do Campo da UFGO – GWATÁ
    Núcleo de Agroecologia, Agricultura Orgânica e Desenvolvimento Sustentável do IFPE – Campus Barreiros
    Núcleo de Assessoria Jurídica Popular Direito nas Ruas / Movimentos – NAJUP
    Núcleo de Desenvolvimento de Insumos Biológicos para Agricultura / UENF
    Núcleo de Estudos de Agroecologia da Universidade Estadual de Londrina – NEAGRO UEL
    Núcleo de Pesquisa, Ensino e Práticas Agroecológicas no Semiárido (UFRPE/UAST/NEPPAS)
    Núcleo Interdisciplinar UFBA de Agroecologia em Rede/AgroredeUFBA.
    Pastoral da Juventude Rural – PJR
    Programa de Assessoria Interdisciplinar em Saúde e Cidadania a Movimentos Populares – UFF – Rio das Ostras
    Programa Justiça Econômica
    Red de Acción en Plaguicidas y sus alternativas de América Latina – RAP-AL
    Rede Brasileira pela Integração dos Povos – REBRIP
    Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro – REARJ
    Rede de Educação Cidadã – RECID
    Rede de Educadores Ambientais da Baixada de Jacarepaguá – REABJ
    Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas de MG
    Rede de Mulheres Empreendedoras Rurais da Amazônia – RMERA
    Rede de Núcleos de Agroecologia da Região Nordeste – RENDA/NE
    Rede Ecológica
    Rede Evangélica Nacional de Ação Social – RENAS
    Rede Fale
    Rede Jubileu Sul – Brasil
    Rede Mato-Grossense de Educação Ambiental
    Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares – Rio Grande do Sul (RENAP/RS)
    Rede Paraense de Educação Ambiental
    Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
    Rede Ambiental do Piauí – REAPI
    RedeMoinho – Associação Autogestionária de Comércio Justo e Solidário
    Sindicato dos Farmacêuticos no RS – SINDIFARS
    Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo – SINESP
    Slow Food Brasil
    Sobral Matemática
    Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia – SBEE
    Sociedade Fé e Vida
    Teko Porã Amazônia – Pará
    Terra de Direitos
    TOXISPHERA – Associação de Saúde Ambiental – Araucária / Paraná
    Uilikandé – Ubatuba / SP
    União Nacional de Jovens e Estudantes – UNJE
    União Social dos Imigrantes Haitianos – USIH
    Unidade Popular pelo Socialismo – UP
    Via Campesina Brasil
    Vigência/IIEP

    Foto: Reprodução/MST

    Fonte: MST

     

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