Por Alcides Castillo*
Plataforma de Jornalistas e Comunicadores da Venezuela, para Desacato.info
As eleições legislativas do próximo 6 de dezembro são as mais difíceis que já enfrentou o processo revolucionário venezuelano. Será o 19º pleito a ser celebrado; dos 18 anteriores foi triunfante o Polo Patriótico, conformado por uma coalizão de partidos revolucionários, de esquerda e progressistas.
Os cenários são variados, mas, predomina a matriz da violência promovida pelo Governos dos Estados Unidos através do Pentágono, a CIA, o fascismo internacionais e os apátridas locais.
Nosso país está assediado e submetido a uma cruel guerra econômica, que se caracteriza
Por uma mistura explosiva de açambarcamento dos alimentos, especulação e inflação vento em popa, induzida desde o exterior e respaldada pela burguesia venezuelana, o que vai esquentando o ânimo da população, sobretudo, a dos setores C e D, que são a maioria que respalda o processo revolucionário liderado pelo Comandante eterno Hugo Chávez e continuado por Nicolás Maduro.
Procuram a explosão social, só que os setores que apoiam o governo não chegarão a esse extremo. Há descontentamento, mas, não voltarão ao passado com seu voto. O que quer dizer que o triunfo do chamado “chavismo” está assegurado, talvez, não nas proporções do passado, mas, o legislativo não será controlado pelo fascismo.
O Polo Patriótico (conformado pelo PSUV, PCV, Redes, MEP, Tupamaros, independentes e progressistas, dentre outros) procura criar um clima de confiança, afastado da violência e para isso tem afirmado que reconhecerá o ganhador, seja quem for, e para isso fez um chamado à MUD (conformada pelos partidos AD, Copei, Primeiro Justiça, Vontade Popular, dentre outros da direita) para assinar um “Acordo pela paz”, promovido pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), documento que foi rejeitado pela coalizão de direita com o argumento de que é uma cortina de fumaça para fazer fraude.
Partindo da suposta fraude, que já teria preparado o CNE, em favor das forças revolucionárias, a oposição tirou da manga a carta marcada da vantagem e tem denunciado a suposta fraude no âmbito internacional, preparando o terreno para ações violentas assim que o árbitro eleitoral informe dos resultados dos comícios que a própria direita diz, já, que segundo enquetes, lhe dão um triunfo assegurado. A contradição não pode ser maior, pois quem vai ganhando não “chuta o balde’.
Desconhecer os resultados é a principal ação que promove o fascismo através das corporações mediáticas: CNN, La Voz de América, ABC, El Mundo, The New York Times, Reuter, AP, AFP, a rede Diários da América, dirigidos por empresários agrupados na Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), dentre os quais estão El Nacional e El Universal da Venezuela, além dos circuitos radiais e canais de televisão regionais.
A campanha desestabilizadora sobre a suposta fraude é impulsionada pelas Organizações Não Governamentais (ONGs) Observatório Venezuelano de Conflitividade Social e Controle Cidadão, e soma-se a elas o ex presidente colombiano, Álvaro Uribe, amplamente conhecido pela sua vinculação com setores paramilitares e o narcotráfico do seu país. Além disso, usam como laboratórios outros meios direitistas com NTN24 e a Patilha, portais que seguem o roteiro da CIA. Até o porta-voz do Comando Sul agregou seu grãozinho de areia deixando aberta a possibilidade de uma intervenção militar ante uma suposta “crise humanitária”, cujo terreno é adubado pelo Governo de Barack Obama ao desatar a guerra econômica, o cerco e o bloqueio contra nosso país.
Neste processo se elegem 167 deputadas e deputados à Assembleia Nacional (Congresso), 87 dos quais serão eleitos por circunscrições uninominais e prlurinominais, e o resto por listas apresentadas pelos partidos políticos, além de três representantes dos povos indígenas.
A campanha desestabilizadora está em marcha. Presidentes e ex-presidentes da Espanha, dos países europeus e da América Latina e Caribe participam, além do ministro de Colônias, o secretário geral da OEA, Luis Almagro, e figuras decadentes como Álvaro Uribe, quem recebem todo o respaldo do Pentágono. O cenário violento figura como a principal ação da direita. O terreno já está adubado.
( * ) Periodista-Politólogo- Especialista em Sistemas e Processos Electorais.
Prêmio Nacional de Jornalismo 2001. Coordenador da Plataforma de Jornalistas e Comunicadores da Venezuela.
Versão em português: Raul Fitipaldi, para Desacato.info