Por Nicolas Chernavsky, CulturaPolítica.info.
Desde o surgimento da operação Lava-Jato, vemos que há uma gama de empresas, políticos, operadores, partidos, advogados, executivos, etc. apontados por autoridades estatais (juízes, procuradores, delegados, etc.) como envolvidos na operação. Ao mesmo tempo, percebemos que também há empresas, políticos, operadores, partidos, advogados, executivos, etc. em situação muito semelhante mas que não são apontados por essas autoridades estatais como envolvidos na operação. O que diferencia as pessoas e entidades que foram envolvidas na operação das que não foram envolvidas na operação? Se seu envolvimento ajuda ou não a condenar e dissolver, seja com multas astronômicas ou com a cassação do registro, o maior partido progressista brasileiro, o PT, além de condenar seus principais líderes. E pra que isso? Pra que PCdoB e PSOL vençam as próximas eleições? Claro que não. Para que o conservadorismo vença as próximas eleições, e as próximas também, por longas décadas.
De fato, o progressismo ter vencido 4 eleições presidenciais seguidas foi um feito histórico. É bem raro isso acontecer em um país, por exemplo, do âmbito do G-20. O Brasil está tirando o atraso de 38 anos de conservadorismo, desde o golpe de 1964 até 2002. O país está retomando o rumo que tinha antes do golpe de 1964, quando se desenvolvia democraticamente no cenário mundial. A Guerra Fria, os Estados Unidos, o conservadorismo acabaram com isso no golpe, mas o povo democraticamente está retomando o caminho do desenvolvimento. Não é um ano de 2015 com números econômicos piores que vai apagar uma época de 13 anos de governo progressista. No final do segundo mandato de Dilma, em 2018, será feita uma avaliação minimamente justa de seus 8 anos de mandato, e dos 16 anos seguidos de progressismo. Além disso, mesmo com alguns números econômicos ruins neste ano, existe o Mais Médicos, a integração do rio São Francisco e muitas outras ações positivas do governo federal. Vai entrar tudo na conta em 2018.
Mas enfim, essas 4 vitórias eleitorais seguidas do progressismo com 16 anos na liderança do poder federal fez com que o conservadorismo procurasse através de qualquer outra via tirar o progressismo do poder. Essa via, já que as eleições com sufrágio universal e o impeachment através do parlamento parecem ser pouco viáveis, é no momento o sistema legal, através do Judiciário. Essa disputa política através do Judiciário é um procedimento que em maior ou menor grau acontece em todos os países, desde sempre, mas é preciso compreendê-lo. Assim, nosso Judiciário, cuja legitimidade obviamente vem do povo e das instituições democráticas, precisa resistir através de suas instâncias mais depuradas a tentativas de se conseguir através do sistema legal o que não se conseguiu através do sistema eleitoral. Ao mesmo tempo, é preciso lembrar que qualquer instituição democrática, seja executiva, legislativa ou judiciária, só funciona adequadamente se houver fiscalização popular e amplo debate através dos meios de comunicação, incluída a Internet, para que nas próximas eleições, se houver insatisfação popular com a atuação das instituições estatais, o povo possa democraticamente votar em candidatxs que corrijam estes problemas do Estado.
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