Racismo, história que vivi

Redação de Desacato.info, com informações da autora.

A escritora soteropolitana, Maria Cristina Pires Silva Ramos, lançou semanas atrás, na capital baiana o livro: “Racismo, história que vivi”. Cristina Ramos é uma mulher versátil e se desempenha em diversas áreas, é palestrante, musicista, biógrafa e pesquisadora. Tem sido premiada no Brasil e na Europa e também é autora da biografia autorizada, “Padre Sadoc – Sacerdote, Amigo e Irmão”, editado em português e francês.

Cristina é torcedora do Vitória e sobre seu time do coração escreveu Vitória, uma história de amor e paixão e forma parte da União Brasileira de Escritores e é representante da Rede de Escritoras Brasileiras na Bahia. Seu nome já consta de 9 antologias.

Maria Cristina Ramos 2

Negra, é descendente de uma bisavó africana, de nome Quinquinha, e seu bisavô era o barão de Vila Viçosa. Isto se reflete no seu livro, onde incríveis histórias, ainda vividas por ela, são realmente muito marcantes e de arrepiar. Ou seja que estamos perante um livro de fatos reais que se arrastam até hoje.

Cristina Ramos adianta sobre seu livro: “Trata-se das histórias que eu vivi. Criança discriminada porque era uma época (adivinhe se isso mudou nos dias de hoje ?) em que pessoas negras eram totalmente afastadas do convívio social “embranquecido” . As pessoas não assumiam que, antes , alguma pessoa da sua própria família vinha de uma senzala! Pois eu sou a feliz mistura da senzala  com  realeza de Portugal e Brasil. Acrescenta : sou bisneta do senhor Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, ‘Barão de Viçosa’ com muito orgulho e minha avó belíssima negra era carinhosamente conhecida  como ‘Quinquinha’  e a sua filha – minha avó paterna – era Maria Francisca Pires, mãe do meu pai, Engenheiro Antônio Pires da Cruz Silva, já falecido.

A autora nasceu em 1953. Lembra que sofreu muito com o racismo e que não acreditavam que fosse neta de um barão, já que ela e seu pai eram negros. Seu pai não estava nem aí para o que falassem sobre eles, mas, Cristina sofreu muito por isso.

Para ela o racismo é um “câncer social’ e, como todo câncer ele é devastador. Cristina, de fato, está tratando de um câncer e ainda tentando identificar se não possui um terceiro. Desde criança sofreu doenças vária e até esteve impedida de se locomover. Sobre sua fortaleza espiritual ela diz, “envergo, mas, não quebro”.

Cristina Ramos conta que faz pouco tempo voltou a ser alvo de racismo no próprio condomínio onde mora. Como crime de racismo não prescreve não perde tempo agora com as ações que deverá tomar. A pessoa a atingiu com palavrões: negra desgraçada, negra fdp.

Lutadora, ela conta que “por usufruir de um nível sócio-econômico-financeiro um pouco mais alto , aí é que o racismo “comia no centro” . Eu não me sentia à vontade com “sussurros e olhares” mas , “a careta fica na cara de quem faz” , e eu seguia a minha vida . Fiz balé , dança moderna , estudei e formei-me em acordeão, formei-me em inglês e marketing nos Estados Unidos . Faço tricô e tapeçaria . Graduei-me em Administração de Empresas e tive a felicidade de poder escolher o que faria na vida, escrever!”.

Cristina Ramos conclui solicitando “que as editoras olhem mais para os escritores que vão surgindo, aparecendo e que, por falta de apoio / patrocínio evaporam-se pelo meio do caminho ; esses escritores simplesmente desaparecem.”

O livro foi editado pele Editora Alis, de Belo Horizonte e foi apresentado na livraria Leitura de Salvador, Bahia.

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