Governo quer cortar gastos na saúde e pretende fechar sete centrais de atendimento do Samu
Numa situação de emergência que envolve vidas, o desejo da população é rapidez na chegada do socorro e eficiência no atendimento, porém, o governo do estado de Santa Catarina quer pôr em prática uma ação que vem na contramão do anseio da população catarinense.
Em julho deste ano, a Secretaria Estadual de Saúde, chefiado pelo João Paulo Kleinubing do PSD (um dos investigados da Operação Tapete Negro, no ano de 2012 em Blumenau), apresentou uma proposta de centralização da central de regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Emergência (Samu) de Santa Catarina, ou seja, a Secretaria pretende fechar sete unidades de atendimento e centralizar na capital o atendimento telefônico das emergências do Samu.
Para ouvir a população, a enfermeira e deputada Ana Paula Lima do PT, convocou uma Audiência Pública que aconteceu no dia 31 de agosto, no auditório Antonieta de Barros na Assembleia Legislativa de Santa Catarina – Alesc. Com a presença de diversos profissionais da área, sindicalistas e representantes de conselhos de saúde, a deputada destacou que a audiência tem como objetivo a participação popular nas definições de uma política que não é de governo, mas uma política de estado que interfere diretamente na vida das pessoas.
Com a alegação de corte de gastos a Superintendente dos Serviços Especializados e Regulação da Secretaria Estadual de Saúde, Lúcia Regina Schultz, apresentou diversas planilhas com as despesas do estado para com o Samu. Segundo ela, não há necessidade de ter oito equipes de atendimento e que a economia na centralização, gira em torno de 7 milhões de reais ao ano para os cofres do governo. Porém o médico e estudioso do Samu, Cesar Augusto Soares Nitschke, relatou que a superintende esqueceu de elencar os prejuízos para a população do fechamento dessas sete centrais. “Vão diminuir as linhas de atendimento, serão 30 atendentes para o estado todo. Vai diminuir o tempo de resposta e atendimento do resgate, pois o atendente precisará localizar o endereço no GPS e como não sabe características da região, terá uma dificuldade maior para explicar para a emergência, enfim, a população só terá prejuízos, será a população que não vai chegar ao Samu, a população que não será atendida”, frisou Cesar.
A professora Anna Julia Rodrigues, presidenta da CUT-SC, participou do debate e salientou que o governo estadual possui outras formas de economizar dinheiro, que não precisa cortar investimentos na saúde dos catarinenses. “Não vamos aceitar cortes de gastos na saúde da população, se querem economizar dinheiro que comecem cortando as Secretarias de Desenvolvimento Regional, que custam aos cofres públicos 2,5 bilhões de reais ao ano, que cortem os cabides de emprego, mas não reduzam o acesso da população à emergência”, destacou Anna Julia.
Os trabalhadores do Samu que participaram da Audiência Pública, indagaram a representante do estado, sobre os postos de trabalho que serão fechados. São mais de 170 pessoas que serão demitidas, caso haja uma única equipe em Florianópolis. “Nosso estado é citado no Brasil inteiro pelo modelo de regionalização do Samu, caso essa centralização seja posta em prática, será um retrocesso numa política que vinha avançando e trazendo benefícios aos usuários”, declarou Angela Maria Blatt Ortiga, enfermeira com doutorado em pós-graduação com tese que estudou especificamente o Samu em Santa Catarina.
Após a Audiência a deputada Ana Paula Lima se comprometeu em levar o posicionamento contrário de grande parte dos participantes ao governo do estado e a Secretaria de Saúde.
Sílvia Medeiros
Assessora de Imprensa CUT/SC
SC-3912/JP