Por Bruno Pavan. Milhares de sem teto foram para as ruas protestar contra os efeitos da política econômica do governo federal na área da habitação, nesta última quinta-feira (6/08). As mobilizações foram organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pela Frente de Resistência Urbana, ocorrendo em 11 estados. Em São Paulo, a manifestação ocorreu na Avenida Paulista.
Mais de 7 mil pessoas compareceram à manifestação, segundo o movimento. A principal pauta dos protestos, foi a reivindicação de que a terceira fase programa Minha Casa Minha Vida, prometida durante a campanha de reeleição da presidenta Dilma Roussef, fosse implementada mediatamente
“A gente já tem as nossas conquistas e os nossos terrenos, mas não temos a verba grantida. Esse é o motivo por nós estarmos hoje na paulista: ou tudo ou tudo”, resumiu a militante Cida Moura, da ocupação Paulo Freire.
O Ministério das Cidades, responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida, foi o que mais sofreu em termos absolutos com o corte de gastos do governo. Com R$ 17,2 bilhões a menos, o corte representa 54% de redução do que havia sido planejado para esse ano.
Ato
Em São Paulo, os militantes do MTST se concentraram no vão livre do Masp às 14h. Ocuparam integralmente as faixas da Avenida Paulista e se dirigiram para o escritório da Presidência da República, onde estava presente a secretária nacional de Habitação.
Os presentes foram representados por uma comissão recebida no escritório. Depois de cerca de duas horas de reunião, os integrantes do movimento que dialogaram com o governo consideraram o resultado da mobilização e das negociações “vitorioso”.
Conforme declarou a coordenação nacional do movimento, o governo federal se comprometeu a liberar verbas para os projetos elaborados por entidades e movimentos sociais ainda este ano, a partir de 10 de setembro. Anteriormente, Dilma havia prometido lançar o programa no próximo mês, mas apenas iniciar as contratações em 2016.
“O movimento entendeu que a garantia de ter a contratação ainda este ano para o Minha Casa Minha Vida, na modalidade entidades, o que significa uma priorização dessa política, é uma sinalização satisfatória. Assegurando-se os compromissos que foram firmados hoje, o movimento vai esperar até o dia 10 de setembro. Obviamente se tiver outro adiamento nós vamos vai voltar à rua”, assegurou Guilherme Boulos.
Congresso
Após divulgar o resultado das negociações, Boulos lembrou que a batalha dos movimentos iria ser travada também contra os deputados, mais precisamente contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (OMDB-RJ). Ele lembrou que tramita na casa um projeto de mudança no FGTS que poderia, através da Caixa Econômica Federal, elevar o custo do financiamento habitacional em pelo menos 27%.
“Estamos aqui hoje deixando dois recados: o primeiro é que a presidenta Dilma tenha juízo, pois ela não está cumprindo com muitas das promessas feitas em campanha. O segundo é para Eduardo Cunha e sua quadrilha: não venham atravessar o caminho do povo porque se não o bicho vai pegar”, afirmou Boulos.
A Polícia Militar e a Companhia de Engenharia de Tráfego não informaram estimativa do número de presentes.
Foto: Reprodução/Brasil de Fato
Fonte: Brasil de Fato