Ao superar as duas décadas de atividades, o grupo catarinense de dança Cena 11 se questiona: Por que e como continuar? São perguntas que se configuram na complexa construção do seu novo projeto: Protocolo Elefante. Neste exato momento, 10 integrantes da companhia cumprem uma das cinco instâncias deste trabalho, o Solilóquio, e que consiste num isolamento individual, incomunicável, um êxodo de auto-investigação para trazer à superfície os vestígios construídos um dia em grupo.
O resultado disso será (ou não) revelado no Reencontro, a chamada quarta instância do projeto, programado para o dia 5 de agosto, em Florianópolis. Trata-se de um reagrupamento tratado como acontecimento ritual, aberto ao público para uma única ocasião no Teatro Governador Pedro Ivo, a partir das 19h30min. Também se configura em uma obra autônoma, atividade artística multimídia de compartilhamento público, onde cada integrante registrará seu processo individual a partir de vídeos, textos, áudio e imagens no site do grupo: www.cena11.com.br.
Por hora é sabido que o corpo do Cena 11 se fragmentou em lugares díspares e longínquos: de retiros espirituais no interior do Brasil a aldeias indígenas ou na imensidão urbana de uma metrópole da América Latina. Solilóquio é uma etapa capital para a concepção de Protocolo Elefante, cujos próximos passos consistirão em uma residência de criação coletiva em Kyoto, no Japão, e consequente montagem de uma coreografia inédita prevista para março de 2016.
Protocolo teve início no ano passado, com previsão de um ano e meio de duração e foi selecionado pelo projeto Rumos Itaú Cultural 2013/2014 e pelo Prêmio Elisabete Anderle de Incentivo à Cultura 2014 _ com o apoio do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Secretaria de Estado de Turismo Cultura e Esporte e Fundação Catarinense de Cultura. Para chegar ao Solilóquio, o Cena 11 cumpriu outras duas instâncias: Auto- retrato (com a companhia reunida em estúdio durante quatro meses para elaborar uma forma de auto referência enquanto grupo) e Espelho (um reflexo como tradução da companhia pelo olhar de três artistas convidados).
Protocolo Elefante propõe um desafio desestabilizador para a dança, um ritual de descontinuidade e vestígio para se reconstruir e se reconhecer através do fazer, ao mesmo tempo em que investiga a ação do isolamento e afastamento _ numa referência metafórica ao próprio elefante, que se afasta do seu grupo para morrer. Como o próprio grupo define: ?a realidade do Cena 11 no Brasil agora é de equalização entre continuidade e extinção.?
Fonte: Calendário Floripa