Corte de gastos públicos na Ilha da Fantasia

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    Por Gabriel Kazapi. Em ano pré-eleitoral, todo governante lança mão de uma agenda positiva, com pacotes de obras, bondades travestidas de políticas de proteção social, choques de gestão, economia de gastos públicos e assim por diante. Em Floripa não é diferente. Há duas semanas, o prefeito Cesar Souza Júnior lança obras, muitas delas requentadas, dá entrevistas em jornais acerca do que vai fazer (como se já não tivesse passado mais da metade da gestão dele) e apresenta maquetes eletrônicas e propagandas de rádio e TV, com o propósito de convencer o eleitor de que a gestão “deslanchou”.

    Além de lançar projetos que já deveriam estar em execução, uma vez que seu mandato já está na reta final, no dia 27 de julho, a administração municipal resolveu “dar o bom exemplo” e cortar gastos, a fim de minimizar os impactos da diminuição de receita.

     

    É importante salientar, contudo, que a diminuição da receita ocorreu por conta do malfadado aumento do IPTU e do ITBI, ainda no primeiro ano da atual gestão e que, sem a interlocução política com os diversos atores sociais, acabou sendo judicializado. Assim, parte dos moradores de Florianópolis considerou o aumento ilegítimo, acarretando a inadimplência do imposto territorial e a sonegação, por via dos famosos “contratos de gaveta”, do imposto de transmissão.

    Dessa forma, a economia levada à cabo pela gestão municipal é falaciosa, um trabalho grosseiro. Ainda que vários contratos tenham sido renegociados e algumas rúbricas contingenciadas, o contrato de publicidade foi aditivado de R$ 12 milhões para R$ 15 milhões ao ano. Ou seja, enquanto faz de conta que economiza, o prefeito aumenta em 25% o gasto em publicidade. Tais cortes, portanto, são cortina de fumaça a justificar a inanição política e administrativa da gestão. Enquanto isso, os gastos com propaganda tentam convencer o eleitor de que a gestão é eficiente.

    Os cidadãos da Ilha da Fantasia devem ficar atentos, pois, com o aumento dos recursos destinados à publicidade, as aparições do prefeito e as maquetes eletrônicas devem ser exibidas em maior escala no próximo ano. A verba, que deveria servir para “publicidade institucional”, tem sido usada com o objetivo de esconder as falhas de um governo de improviso e promover Cesar Souza Júnior, aprofundando assim a cultura iconoclasta.

    Não tenho dúvidas que ao olhar do prefeito e seus asseclas, esse foi um “lance de mestre”, mas nunca é demais lembrar que “a esperteza, por vezes, engole o esperto”.

    Foto: Reprodução/Gabriel Kazapi

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