São Paulo – A pobreza extrema voltou a subir no país, quebrando a tendência de queda que era observada desde 2005, destaca a 23º edição do Boletim de Políticas Sociais: acompanhamento e análise, lançada na última quinta-feira (16/07), em Brasília, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os números são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013, produzida pelo IBGE. Enquanto a taxa de pobreza extrema cai de 7,58% da população para 3,63% de 2004 a 2012, em 2013 sobe para o patamar de 4,03%.
“A desaceleração do crescimento econômico e seus efeitos sobre a renda do trabalho muito provavelmente ajudam a explicar esse desempenho”, afirma o boletim, ressaltando que “além dos possíveis efeitos negativos da desaceleração da economia sobre a renda do trabalho das famílias mais pobres, deve-se considerar também a ausência de correção monetária do benefício do Programa Bolsa Família como um elemento importante para compreender o movimento recente da taxa de extrema pobreza.”
As projeções de aumento da miséria fizeram com que o governo aumentasse, em abril de 2014, os benefícios do Bolsa Família em torno de 10%. Isso, no entanto, não foi suficiente para atenuar os efeitos da inflação durante o período em que o Bolsa Famíla esteve congelado, desde abril de 2011. No período, a inflação acumulada, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é de 20,43%. Após os reajustes, o benefício médio mensal passou de R$ 150 para R$ 167. Especificamente para as famílias que recebem o Benefício de Superação da Pobreza (BSP), o pagamento médio passou de R$ 216 mensais para R$ 242, conforme o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
Com mais de 500 páginas, a publicação, que pode ser consultada online, analisa periodicamente a evolução da atuação do governo federal nos principais setores que formam o campo social da política pública: previdência social, assistência social, saúde, educação, cultura, trabalho, desenvolvimento rural, igualdade racial e igualdade de gênero.
A edição aborda os fatos mais relevantes ocorridos entre o segundo semestre de 2013 e o primeiro semestre de 2014, mas também vai além desses limites para analisar acontecimentos recentes de impacto social, como as Medidas Provisórias 664 e 665, que em dezembro de 2014 alteraram regras de alguns benefícios trabalhistas e previdenciários, como o seguro-desemprego, o abono salarial e o auxílio-doença em nome do ajuste fiscal que o governo federal abraçou para o segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, frente ao agravamento das contas públicas, de pressões dos setores neoliberais da sociedade e da necessidade de corrigir os rumos da economia para enfrentar o cenário de crise econômica.
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Fonte: RBA