Medida é apoiada pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que argumenta ser necessário voltar a permitir que soldados lutem no exterior pela ‘segurança’.
A câmara baixa do Parlamento do Japão aprovou nesta quinta-feira (16/07) uma legislação que pode permitir o envio de militares para lutar no exterior pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. Se for aprovada pelos senadores, a reforma invalidará a cláusula pacifista da Constituição japonesa criada após 1945.
“A situação de segurança ao redor do Japão está ficando mais difícil”, disse Abe, segundo aReuters. “Esses projetos são vitais para proteger a vida dos japoneses e impedir uma guerra”, acrescentou.
Chefe de governo, Abe é um entusiasta do princípio de ‘autodefesa coletiva’ e apoiou texto
Entretanto, a medida teve forte rejeição dos partidos de oposição e de parcela da população, que foi às ruas contra a decisão. Insatisfeitos com a falta de debate adequado sobre o tema, milhares de manifestantes se reuniram em torno da sede do legislativo, com cartazes e palavras de ordem, como “não à guerra, não à matança” e “fora Abe”.
Para o líder da oposição, Katsuya Okada, a votação é “uma mancha na democracia” japonesa, reportou a Agência Efe. De acordo com Okada, recentes pesquisas apontaram que 80% da população considera insuficientes as explicações do governo para a mudança e metade do país vê a reforma como inconstitucional.
Ameaça ao pacifismo
Esse projeto de lei vem meses após o governo japonês anunciar que iria reinterpretar a Constituição pacifista em vigor no país desde 1947 e passaria a exercer o chamado “direito de autodefesa coletiva”.
Desde a Segunda Guerra Mundial, o artigo 9º da Carta japonesa impede que o Exército recorra à força para resolver conflitos internacionais e não permite, portanto, que as tropas auxiliem operações de aliados ou atuem fora do território japonês.
Em abril de 2014, Tóquio aprovou uma norma que suspendeu a proibição de venda de armas ao exterior, após quase 50 anos de restrição.
Essas alterações fazem parte do projeto almejado por Shinzo Abe, principal entusiasta do princípio de “autodefesa coletiva”. Em diversas ocasiões, o chefe de governo argumentara que se trata de uma estratégia de segurança para o Japão, que vê como ameaça países como China, Coreia do Norte e Rússia.
Fotos: EFE
Fonte: Opera Mundi