O ministro da defesa, Jaques Wagner, anunciou na última quinta-feira (21/05) que a missão de paz das Nações Unidas no Haiti, chefiada militarmente pelo Brasil, deve ser encerrada até o final de 2016.
“A missão no Haiti acaba ano que vem, não por decisão nossa, porque, na medida em que nos incorporamos a um programa desse, ficamos um pouco submetidos à decisão das Nações Unidas. Neste ano, já houve uma redução. No ano que vem, a previsão é de retirada total das forças não só do Brasil, mas das Nações Unidas”, disse.
O anúncio foi feito durante a participação do ministro em uma audiência da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado. Segundo Wagner, o Brasil já gastou com a missão no Haiti R$ 2, 3 bilhões, mas cerca de R$ 1 bilhão foi reembolsado pela ONU.
Conhecida como Minustah, a missão de paz das Nações Unidas no Haiti começou em 2004, e foi intensifica após o terremoto que devastou o país em 2010.
Dezenas de movimentos populares, organizações e entidades da sociedade civil, sindicatos, parlamentares e personalidades políticas fazem duras críticas em relação a presença das tropas brasileiras em solos haitianos.
A Minustah, embora apoiada e reconhecida pela ONU, tem seus métodos constantemente questionados e criticados por estudiosos e organizações sociais e de direitos humanos.
Segundo as críticas, uma década após a inserção da presença militar em solo haitiano, a eficácia de ações de força, especialmente após o terremoto de 2010, já que as necessidades do país eram, e ainda são, essencialmente sociais.
A falta de mudanças econômicas no território é outro fator que demonstra ineficiência do projeto. O Haiti segue como o país mais pobre do mundo, com 70% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza.
Além das repressões cotidianas, denúncias de estupros por parte dos soldados também são frequentes. A população, contrária a presença militar, segue fazendo protestos e denunciando os abusos.
Foto: Reprodução/MST
Fonte: MST