Comentarista detalha cenário em que deve ocorrer a marcha de 26 de fevereiro, quando as centrais sindicais expressarão descontentamento com medidas restritivas. Reunião entre centrais e ministros na última terça-feira foi ‘negativa’, classifica Vannuchi
O analista político Paulo Vannuchi, em comentário ontem (5) à Rádio Brasil Atual, diz que não teve resultado positivo a reunião realizada na terça-feira (3) entre as centrais sindicais e os ministros da presidenta Dilma Rousseff para discussão das medidas provisórias que restringem o acesso a benefícios sociais. Ele teme a solução encontrada de levar o debate ao Legislativo devido ao caráter conservador do novo Congresso, “refratário”, em parte, aos interesses dos trabalhadores.
O comentarista ressalta o papel da CUT, recém-saída de um “engajamento total” na campanha para a reeleição de Dilma Rousseff, evitando o “desastre para os trabalhadores” de uma eventual vitória da candidatura tucana que, segundo ele, representaria a volta do projeto neoliberal, e que agora se vê às voltas com as medidas de ‘ajuste’ do novo governo.
“Não foi bom o resultado da reunião, vamos esperar a repercussão para a marcha a Brasília, um grande dia de protesto, marcado para 26 de fevereiro”, quando as centrais novamente se reúnem para expressar o descontentamento dos trabalhadores.
Vannuchi afirma que a marcha ocorre em um momento “em que a direita, derrotada nas urnas, avança com um ímpeto surpreendente para cima do governo Dilma”, citando iniciativas de uma nova CPI da Petrobras, “de gente que não quer combater a corrupção, mas quer fazer a luta política contra”, e que ainda acena com a ameaça de impeachment. “É um desafio à própria democracia, é não respeitar as regras do jogo.”
Para Vannuchi, as grandes reservas estratégicas à disposição do governo para enfrentar e neutralizar essa onda são os movimentos sociais, as classes trabalhadoras, os mais pobres, “que reconhecem o rumo social desse projeto que governa há doze anos”.
Vannuchi alerta que o “remédio amargo” do ajuste tem de vir acompanhado, em curto prazo, “de outras medidas de reativação do crédito, das vendas de bens e produtos, e serviços”, sob pena de ruptura de um modelo, o que traria consequências para a disputa política, nas eleições municipais de 2016 e nas eleições gerais de 2018.
Para as centrais, conclui o analista, não resta alternativa, “a não ser ir às ruas e gritar o seu protesto”.
Fonte: Rede Brasil Atual