Florianópolis, 11 de janeiro de 2015.
Os fatos de terror acontecidos na França demonstraram, mais uma vez, que os monopólios de comunicação continuam levando uma folgada dianteira aos blogs, sítios, rádios, jornais e tevês de contracorrente. No mesmo dia da chacina em Paris, 15 pessoas morreram por ataques terroristas no Iraque e um dia depois, mais de 30 no Iêmen. Estes ataques passaram despercebidos.
O atentado de Paris, como manifestam diversos pensadores, é confuso e parece que não terá esclarecimento contundente. Minutos depois do acontecimento as agências e os veículos afins à OTAN julgavam sumariamente o Islamismo pelo acontecido. Depois de tal massacre comunicacional não haverá outra versão que não seja a “oficial”, sacramentada hoje em Paris, pelos representantes de mais de 40 países desfilando na república coprotagonista do genocídio na Líbia.
O jornalismo crítico foi derrotado. Caberá ao jornalismo investigativo independente ir atrás dos fatos, lembrando que depois de muitos anos, os atentados contra a sede da AMIA – Associação Mutual Israelita Argentina – e contra as Torres Gêmeas, ainda não foram esclarecidos, dentre dezenas de outros atentados. Quais as lições a serem aprendidas?
O processo de desconstrução do discurso dominante não é simples. Não se exercita apenas com ações voluntaristas via Net, tímidas leis de mídia, panfletos de contracorrente e veículos de tipo setorial ou comunitário. O tamanho do capital a disposição dos cartéis da mídia, seu nível de influência nos governos, o despudor, o vínculo inseparável com a máquina da guerra, o tráfico de relações e em alguns casos, a subserviência de amplos setores da categoria jornalística, entre outros fatores, colocam à população mundial indefesa perante o modelo dominante e sua narrativa da “realidade”.
Os fatos de Paris obrigam-nos a refletir sobre a necessidade de mobilizar os setores mais conscientes da sociedade para enfrentar este sistema inimigo da verdadeira Liberdade de Expressão.