É uma efeméride em que cada 9 de agosto se lembram todos os atos contra a humanidade, crimes contra os povos e a subjugação da legalidade internacional perpetrados pelos EUA em todos os continentes por mais de um século.
E por que 9 de agosto e não outro dia?
Se analisarmos o calendário de atos genocidas e interferências ilegais que estão sob a responsabilidade de Washington desde o início do século XX, não há nenhuma data em que não tenha ocorrido um golpe militar, uma invasão, um bombardeio de populações indefesas, desaparecimentos ou assassinatos seletivos cometidos pelos Estados Unidos e seu aparato político-militar. Isso significa que qualquer dia poderia ter sido escolhido para lembrar esses crimes. No entanto, o dia 9 de agosto de 1945 é importante como referência histórica porque, nesse dia, o presidente Harry Truman decidiu lançar uma segunda bomba atômica sobre o povo japonês em Nagasaki, três dias depois de fazer o mesmo em Hiroshima. De uma perspectiva simbólica, o bombardeio de Nagasaki serviu para exteriorizar a verdadeira ausência de humanismo que rege o pensamento estadunidense e suas terríveis consequências para a humanidade.
Mas será que os Estados Unidos são o único país que viola os direitos humanos e comete atos contra a humanidade?
Infelizmente, a resposta deve ser NÃO. Há muitos outros países que cometeram – e continuam a cometer – crimes contra a humanidade: França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha ou Israel – para citar apenas alguns – são nações que, na história mais recente do século XX e no atual século XXI, legaram ao mundo um extenso catálogo de terrorismo de Estado em países periféricos, torturas em massa e sequestros de oponentes, academias de tortura e genocídios econômicos que dizimaram sociedades inteiras.
Então, por que somente os EUA são o tema dessa lembrança?
Em primeiro lugar, porque os crimes dos EUA contra a humanidade superam em muito, ultrapassam e superam em atrocidade e metodologia os atribuídos a todos os outros países, de modo que sua responsabilidade é infinitamente maior nesse sentido. Além disso, os EUA são uma potência que organizou o esmagamento social sistemático na América Latina, Ásia e África, financiou ditaduras, treinou torturadores em solo americano e exportou métodos de lèse humanité para perseguir aqueles que se opõem de alguma forma a seus projetos econômicos e políticos. A história dos EUA nos séculos XX e XXI – e mesmo antes – oferece um catálogo sinistro de atos criminosos que podem servir como lembrete de sua hegemonia antihumanista. No século XXI, os Estados Unidos conseguiram restaurar debates ultrapassados, como o da tortura, como um método legítimo na dinâmica da civilização. Isso define perfeitamente o perigo de um Estado agressor que subjuga impunemente e marca o campo moral de uma civilização, degradando-a em direção ao militarismo e à lei do mais forte.
Quando e por quem foi criado o Dia Internacional dos Crimes Estadunidenses contra a Humanidade?
Foi em 2017 que, graças ao chefe da seção política do jornal boliviano Cambio, Juan Cori Charca, o evento tornou-se visível para o mundo. Foi esse jovem jornalista e ativista de outro mundo possível que deu espaço pela primeira vez a essa data criada por quatro intelectuais e escritores argentinos, liderados pelo sociólogo Atilio Borón. Foram eles (Atilio Borón, Stella Calloni, Telma Luzzani e Alejo Brignole) que deram forma a esse evento anual e o difundiram internacionalmente em conjunto com várias plataformas, entidades e grupos.
Por que é importante lembrar desse Dia Internacional?
Ao longo dos anos – e especialmente nas últimas três décadas – os Estados Unidos promoveram um retrocesso inaceitável nos códigos de convivência internacional, ignorando e desconsiderando centenas de resoluções das Nações Unidas. Suas ações e premissas buscaram, entre outras coisas, degradar o princípio da segurança jurídica como um direito humano básico, inalienável e universal. Por isso, é importante que todas as pessoas apoiem, promovam e divulguem esse dia com as ferramentas de comunicação à sua disposição. A comemoração dessa data não requer organização política ou infraestruturas pré-estabelecidas. Um simples professor de escola pode explicar o significado desse dia em sua sala de aula. Um ativista sindical, um trabalhador no local de trabalho ou um comunicador social podem dar visibilidade a esse dia e colaborar para a conscientização global sobre o perigo que os Estados Unidos representam para a continuidade de uma civilização mais justa, com respeito à vida humana e fraternidade entre os povos.
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