As missionárias e missionários do Conselho Indigenista Missionário, Regional Sul, reuniram-se em Assembleia durante os dias 16 a 18 de setembro, em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina. Momento de reflexão, troca de experiências e de esperançar diante de uma realidade extremamente adversa aos povos indígenas no Brasil.
Vivemos tempos de incertezas, mas também há sopros, ares de esperança. Acreditamos que no amanhã os horizontes da justiça apontarão bons caminhos. Todavia há muitos traumas, dores, lamentos, violências incessantes. Os povos indígenas estão entre aqueles que mais sofrem nestes tempos do império do ódio e destruição. Violentam seus corpos, suas casas de rezas, suas matas e terras.
Não há dó, compaixão ou piedade por parte dos agressores. Invadem os territórios, destroem a natureza, contaminam as terras e as águas. Dilaceram as vidas e os modos de ser dos povos, porque estes são caracterizados como os desumanizados, aqueles que não servem ao capital, à produção e, portanto, são expostos à brutalidade do cotidiano.
A antipolítica da desterritorialização serve para expropriar e aniquilar com a vida, devastam sem receios, porque tudo já foi previamente acertado com os governantes.
Agem nos gabinetes de onde buscam desfazer direitos adquiridos. Para tanto, forjam teses como a do Marco Temporal da Constituição de 1988, uma aberração jurídica que visa eliminar garantias à terra, aos modos de ser de cada povo. Por fim, planejam a consolidação da barbárie com a perspectiva da integração dos indígenas à comunhão nacional.
Mas os povos indígenas, os quilombolas e seus aliados seguem na resistência, com força e coragem, tornando este período de sombras passageiro, para então ver brilhar o sol límpido no amanhecer.
O Cimi Sul reafirma, nestes 50 anos de existência, seu compromisso irrestrito pela defesa dos direitos indígenas, sempre se colocando ao lado da justiça, do amor e da paz.
Chapecó, SC, setembro de 2022.
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