CEPAL Brasil – Vermelho – Apesar de ser a maior economia latino-americana, o Brasil está na lanterna quando o assunto é o crescimento. A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) reduziu de 1,6% para 1,2% a previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2012. O país foi um dos poucos a ter rebaixada a projeção anterior, feita em outubro, e agora ostenta a segunda pior estimativa em toda a região, excluindo o Caribe.
Fica à frente apenas do Paraguai, que sofreu uma grave crise institucional neste ano e deverá amargar uma retração de 1,8%.
A expectativa da entidade para o PIB brasileiro está em linha com os cálculos feitos por boa parte dos especialistas do mercado e bem abaixo das previsões do Ministério da Fazenda, que, oficialmente, ainda mantém o prognóstico de 2% (menos da metade do objetivo de 4,5% estabelecido no início do ano), e do Banco Central (1,6%). Para o economista-chefe da Corretora Votorantim, Roberto Padovani, o país não avançará mais do que 1%. Mais otimista, a britânica Capital Economics prevê expansão de 1% a 1,5%.
No relatório “Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe 2012” divulgado ontem, a Cepal, que é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), também revisou a avaliação da economia da Argentina, principal parceira do país no Mercosul. Em outubro, os economistas do organismo apostavam em alta de 2,5%; agora, a estimativa caiu para 2,2%. Com um PIB quase 50 vezes menor que o brasileiro, o pequeno Panamá continua na liderança do crescimento na região. Depois dos 10,6% de 2011, o país centro-americano deve evoluir mais 10,5% neste ano, de acordo com as previsões da entidade. Para 2013, espera-se um avanço de 7,5%.
Recuperação
Semelhante ao de El Salvador, o desempenho econômico brasileiro neste ano ficará bem abaixo do da América Latina como um todo, que deve crescer 3,1%. Isso já ocorreu no ano passado, quando o avanço de 2,7% do PIB nacional passou longe dos 4,3% medidos para toda a região. Em 2013, no entanto, se as projeções da Cepal estiverem corretas, o Brasil terá expansão de 4%, à frente dos 3,8% vislumbrados para a economia continental.
“O avanço da economia na América Latina em 2013 será impulsionado, fundamentalmente, pelo maior dinamismo e pela recuperação da Argentina e do Brasil, principalmente no setor agrícola, com a melhora na expectativa de colheita para o próximo ano. Acredito também no aumento do crédito no Brasil”, disse a secretária executiva da Cepal, Alicia Barcena.
“O crescimento será moderado e haverá maior dinamismo dos investimentos nesses dois países, que passarão por uma recuperação clara”, acrescentou Alicia. Ela destacou os programas do governo brasileiro de concessão de portos e aeroportos à iniciativa privada e a redução dos preços de energia elétrica como alavancas da retomada do Brasil em 2013. Destacou, no entanto, que ainda persiste em toda a região o desafio de aumentar e estabilizar as taxas de investimento.
Alicia considerou ainda surpreendente a queda no ritmo das exportações da região. Em contraste com a alta de 22,3% verificada no ano passado, as vendas externas aumentarão apenas 1,6% este ano. “A desaceleração da Europa e da China afetou drasticamente o comércio regional”, destacou. “E o enfraquecimento da economia do Brasil é um dos motivos principais desse desempenho.” De acordo com o secretário adjunto da entidade, Antonio Prado, o país representa 33% da economia regional, e, por isso, qualquer desaceleração por aqui repercute fortemente nos dados regionais.
A Cepal acredita, no entanto, que, em 2013, a economia global deverá dar sinais de recuperação e a China voltará a acelerar o crescimento, o que ajudará o comércio ao redor do mundo. A entidade prevê evolução de 7,7% da economia chinesa neste ano e de 7,9% em 2013. A Zona do Euro deverá cair 0,5% em 2012 e avançar 0,3% no próximo ano. Para os Estados Unidos, a projeção é de alta de 2,1% e de 1,7%, respectivamente.