"Somos o povo organizado e declaramos que não aceitamos gastar mais da metade de nosso salário com aluguéis"

Imagem: Instragram @portal.desacato

Redação

Na madrugada deste domingo (15/12) nasceu o Acampamento Pepe Pereira.

O terreno público localizado na SC-401, foi ocupado por 150 famílias que não tinham mais condições de gastar mais da metade de seus salários com aluguel.

O terreno foi grilado no passado e hoje é terra pública sob jurisdição da união e não cumpre sua função social.

A seguir o manifesto do acampamento Pepe Pereira:

MANIFESTO DO POVO ORGANIZADO

Acampamento Pepe Pereira

Somos o povo organizado e declaramos que não aceitamos gastar mais da metade de nosso salário com aluguéis. Não é justo que um aluguel custe mais que o nosso alimento. Não suportamos mais ver nossas crianças com fome e ter apenas arroz com ovo todo final do mês. Na verdade, nenhuma despesa com o aluguel deveria ser maior que o alimento, a saúde, a educação, a segurança de nossas famílias.

Trabalhamos dia e noite para sobreviver e no final do mês a conta nunca fecha. Estamos cansados. Chega de moradias precárias que mais se parecem com cativeiros, queremos viver bem.

Em nosso bairros, as escolas são precárias, os nossos postos de saúde estão lotados e com poucos profissionais. Quantas horas a mais precisaremos ficar na fila esperando por atendimento? O ônibus é caro e sempre lotado. Quem pode acessar a cidade? Sobrevivendo assim, não temos direito nem ao lazer. Precisamos dar um basta no atual Plano Diretor de Florianópolis que beneficia somente grandes empresários e seus políticos enquanto somos expulsos da ilha pelo valor dos monstruosos alugueis.

Sabemos que não podemos esperar do Estado a solução para nossos problemas sociais. Tudo que hoje é um direito, um dia foi conquistado por nós trabalhadores. Muitos lutaram para termos o mínimo de hoje, como por exemplo, a garantia de uma folga por semana. Precisamos avançar. Por isso, devemos ocupar, resisitir e produzir uma nossa forma de moradia popular. Cabe a nós o povo organizado, reinvindicar na prática a melhoria das nossas vidas.

Se temos medo da violência do Estado? Não temos. Violento é não poder alimentar nossos filhos; Violento é passar frio por não ter aonde morar; Violento é a polícia que mata nossos jovens diariamente nas periferias; Violento é trabalhar incansavelmente só para sobreviver. Hoje é o fim de tudo isso. Escolhemos ter um futuro de luta. Escolhemos lutar em pé, a viver de joelhos. Não temos nada a perder, pois já vivemos com a falta de tudo.

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