Unindo forças por uma cidade para as gentes
Por Marcela Cornelli.
Em um esforço de construção coletiva, na tarde desse sábado, dia 23 de junho, militantes de movimentos sociais e sindicais de Florianópolis reuniram-se no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC para debater um Projeto Democrático para a Cidade. Participaram também candidatos às eleições municipais. Todos os presentes acordaram ser necessário e urgente se contrapor ao projeto das oligarquias que hoje está no poder em Florianópolis, elitizando cada vez mais a cidade e excluindo os empobrecidos.
Apesar das diferenças ideológicas e de estratégias políticas do grupo presente nesse primeiro bate-papo sobre a cidade, questões como a falta de segurança, de saúde pública de qualidade, de mobilidade e de infraestrutura urbana como saneamento básico foram consenso em todas as falas. Foi lembrado que esse debate é de extrema importância nesse ano eleitoral para desmascarar projetos políticos coniventes com o capital, que governam a cidade excluindo da participação nas tomadas de decisões a classe trabalhadora, que é a grande maioria da cidade.
A imagem da Capital com maior qualidade de vida, onde todos vivem bem e felizes, têm moradia em lugares com paisagens paradisíacas, onde há saúde e qualidade de vida para todos precisa ser desconstruída para que e a realidade das comunidades empobrecidas e de classe trabalhadora venha à tona.
Foi lembrado ainda há necessidade de que o processo eleitoral seja usado também, por quem quer mudanças na cidade, como um momento de conscientização e politização da população no sentido de tirar as massas da alienação política em que se encontram, pois hoje a classe trabalhadora não consegue enxergar o quanto está sendo explorada e como o poder político está nas mãos de poucos; poucos estes que decidem o que é importante para a cidade e seus moradores. Decidem, é claro, sob a ótica dos donos do capital.
Foi colocado que é necessária a construção de um projeto político que permita a participação efetiva da classe trabalhadora. Outro importante consenso foi que esse debate deve ir além do processo eleitoral e ganhar as ruas, sendo levado até as comunidades.
O bate-papo foi marcado por intensos debates e análise da conjunta local, nacional e das lutas da classe trabalhadora pelo mundo, lembrando sempre que o capitalismo vive hoje uma crise estrutural e que há necessidade de mostrar ao povo que outra sociedade é possível, uma sociedade mais justa e igualitária.
Houveram, saudavelmente, pontos de discordância entre os candidatos e correntes políticas presentes, mas o mais importante é que todos ali mostraram-se abertos ao diálogo para a construção de um projeto para a cidade que não seja excludente e que é sim necessário amarar os candidatos que se dizem contra o poder oligárquico atual na luta por uma cidade melhor, não só no discurso eleitoral, mas também em ações concretas antes e depois das eleições.
O bate-papo foi um primeiro passo que elencou algumas prioridades de discussão, mas ainda há muito o que ser discutido. Além disso, a necessidade de ser retomada a unidade das lutas com uma agenda conjunta dos movimentos e tomando as ruas é urgente para barrar projetos como a privatização do Hospital Florianópolis e do Hospital Universitário que estão prestes a serem entregues ao capital privado, da venda da Ponta do Coral, entre outros projetos nefastos que o capital, em conivência com o poder legislativo municipal, estadual e mesmo federal, tem imposto para a cidade, como também a necessidade urgente de abrir a caixa preta do transporte coletivo, entre outras lutas, como a luta por moradia, valorização da educação e dos serviços públicos. Basta lembrar que recentemente o SAMU foi privatizado e entregue a uma empresa paulista e que pouco os movimentos conseguiram aglutinar forças para barrar esse processo. Nesse sentido um segundo momento do bate-papo foi marcado para dar sequencia aos debates e encaminhamentos, já com pauta mais específica como segurança, saúde, mobilidade urbana, para o dia 21 de julho (sábado). Em breve esse segundo bate-papo será divulgando amplamente para os movimentos.
Veja abaixo as propostas aprovadas nesse primeiro bate-papo sobre a cidade e a necessidade da unidade e luta da classe trabalhadora.
Propostas do Bate-Papo realizado no dia 23 de julho entre movimentos sociais e sindicais:
– Criação de uma frente metropolitana a serviço dos trabalhadores, autônoma e independente dos partidos;
-Trazer para os debates a discussão das lutas dos movimentos internacionais anticapitalistas;
-Integrar e unificar a comunicação deste debate nos veículos alternativos e que têm visibilidade na cidade;
– Divulgação das deliberações do Congresso da Cidade, em 2011, e usar o documento como guia para construção de uma plataforma política;
– Ratificar que este é um espaço plural de pessoas militantes, independentes ou não de partidos;
– Dar a este espaço um caráter de fórum de debates;
– Realizar um segundo momento do bate-papo dando sequência às discussões, com elenco de temas pré-definidos, como mobilidade, segurança e ampliando a participação de militantes;
– Elencar regiões da cidade para reproduzir o conteúdo do bate-papo e chamar as candidaturas ao pleito municipal para apresentar suas propostas para a cidade;
– Fazer um jornal deste movimento levando as discussões e propostas das candidaturas para a população, após a realização dos debates nas regiões;
– Criar uma agenda conjunta/unificada de lutas dos movimentos;
– Criar um site para divulgação desses debates;
– Necessidade de organizar e politizar os trabalhadores através de discussões nas comunidades;
– Criar um grupo de coordenação para o bate-papo, propondo que o Desacato, Pobres & Nojentas e a Rádio Campeche divulguem a discussão; e
– Definição da data do próximo encontro para o dia 21 de julho. (mudou para 04 de agosto)