20 de novembro: Consciência Negra, Povo em Luta!
MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
O dia 20 de novembro é a data em que relembramos Zumbi dos Palmares, um dos milhares de símbolos da luta contra a escravidão, essa instituição que matou, explorou, oprimiu e marginalizou milhões de seres humanos em nosso país. É um feriado negro.
Nessa data, esteremos na rua para dizer que mesmo com todo o discurso de que vivemos em um país harmônico e de convívio pacífico entre as diferentes classes e raças, o passado escravista segue vivo no presente por meio do encarceramento e assassinato em massa de negros e negras, da falta crônica de moradia que assola a população negra e pobre, da vexatória ausência de serviços públicos nas favelas e bairros periféricos, da violência policial que bate recordes a cada ano e atinge quase exclusivamente pretos e pobres, na sua maioria jovens…
Não esqueceremos que os negros escravizados, como Zumbi e Dandara dos Palmares, lutaram com sua vida por liberdade. Também não esqueceremos que a chamada abolição criou, na verdade, um país de marginalizados que sofrem sem moradia digna, sem acesso à saúde, transporte e educação de qualidade, que vivem temendo o genocídio permanente promovido pelo Estado em seus territórios. Um país criado com base na escravização, opressão e extermínio de um povo não pode falar em paz. Dia 20 iremos à zona sul carioca para lembrar a todos disso.
Denunciamos a “Operação Verão” como instrumento de Apartheid que priva os negros e pobres de desfrutarem da cidade. Enquanto nos proíbem de ir à praia, invadem nossas comunidades com licença para matar. Não será restringindo os jovens por “não terem dinheiro” que o Rio de Janeiro conseguirá fins de semana tranquilos para os moradores de bairros nobres da Zona Sul. Resistiremos.
Nosso passado é de muitas lutas e muita resistência, assim como o presente. Lutamos contra a escravidão, lutamos para sobreviver e para nos libertarmos. Nossos sangue e suor são os principais ingredientes da palavra “progresso” que estampa a bandeira brasileira. Nos dias de hoje segue nossa luta pela sobrevivência nas favelas, nas ruas, nos hospitais, presídios e manicômios. Mas não queremos apenas “sobreviver”. Lutamos por dignidade. A cidade é nossa, pois somos nós que a construímos e que a fazemos funcionar. Não aceitamos e lutaremos contra a segregação e o extermínio.
Somos pretos e pobres, na luta por moradia digna e contra o genocídio da população negra e periférica. Viva Zumbi dos Palmares!
