A Boitempo preparou uma lista de leituras urgentes para pensar criticamente sobre a atual conjuntura brasileira. São 15 livros de autores nacionais e internacionais, contemporâneos e clássicos, que refletem sobre democracia, ditadura, estado de exceção, crise de legitimidade, movimentos sociais, história política e econômica do Brasil, de diversas perspectivas no espectro do pensamento de esquerda: da filosofia ao direito, passando pela sociologia, pela ciência política, psicanálise, história e até literatura infantil! Vale a pena conferir.
- De que lado você está, de Guilherme Boulos, é um livro de intervenção com reflexões de fôlego sobre a conjuntura nacional recente que mostra a zona cinza em que a disputa polarizada se encontra.
- O mistério do mal, de Giorgio Agamben, insiste que a única forma de compreender as raízes da profunda crise de legitimidade pela qual passamos hoje é através de uma rigorosa arqueologia das raízes nossa modernidade. Para Agamben, a decadência das nossas instituições democráticas atesta o fracasso da tentativa da modernidade de fazer coincidir legalidade e legitimidade.
- O ódio à democracia, de Jacques Rancière, conduz o leitor por um passeio pela história da crítica à democracia para repensar o poder subversivo do ideal democrático e o que se entende por política, para revelar o que há de novo e revelador no sentimento antidemocrático, uma manifestação tão antiga quanto a própria noção de democracia.
- Estado de exceção, de Giorgio Agamben, faz uma rigorosa arquelogia do conceito de “estado de exceção” para revelar como ele tende sempre mais a se apresentar como o paradigma de governo dominante na política contemporânea
- O novo tempo do mundo: e outros estudos sobre a Era da Emergência, de Paulo Arantes, oferece um olhar afiado sobre o que há de novo nas explosões sociais do presente, e foi uma das primeiras análises de fôlego do Brasil contemporâneo que detectou, no rescaldo das manifestações de junho de 2013, o desmonte do consenso petista e o surgimento de uma nova direita xenofóbica.
- O que resta da ditadura: a exceção brasileira, organizado por Vladimir Safatle e Edson Teles, esquadrinha o legado deixado pelo regime militar na estrutura jurídica, nas práticas políticas, na literatura, na violência institucionalizada e em outras esferas da vida social brasileira.
- Ditadura: o que resta da transição, organizado por Milton Pinheiro, é uma obra de inflexível veio crítico que se distingue da bibliografia existente sobre o assunto por enfatizar, sob perspectivas diversas, a centralidade do caráter de classe da ditadura militar para compreender suas origens, bem como seu legado
- Estado e burguesia no Brasil: origens da autocracia burguesa, de Antonio Carlos Mazzeo, é um estudo clássico e didático sobre a formação econômico-social brasileira, desde a colonização, passando pelo Estado Novo e o Golpe de 1964, até a contemporaneidade, acentuando a peculiaridade funcional da nossa burguesia e sua relação com o Estado.
- A legalização da classe operária, de Bernard Edelman, dá profundidade filosófica e política ao problema da representação política através de uma análise extemporânea do papel ideológico do direito moderno na captura do ímpeto revolucionário da classe trabalhadora.
- Revista Margem Esquerda #23. Como a crise política parece quase indissociável à crise econômica, é fundamental conferir o dossiê “Brasil, que desenvolvimento?” desta edição da revista semestral da Boitempo, que analisa os rumos e impasses do país entre o novo e o social desenvolvimentismo com reflexões de Luiz Carlos Bresser-Pereira, Luiz Filgueiras, Marcio Pochmann, Rodrigo Castelo.
- A democracia pode ser assim, ilustrado por Marta Pina e A ditadura é assim, ilustrado por Mikel Casal, são dois dos títulos da coleção Livros para o amanhã, que apresenta questões de cidadania e interesse social para crianças e acaba de ganhar o prêmnio de melhor não-ficção infantil na maior evento de livros infatis do mundo, a Feira de Bolonha.
- O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, de Karl Marx, análise incontornável para o pensamento político de esquerda do processo que levou da Revolução de 1848 ao golpe de Estado de 1851 na França. A edição da Boitempo vem acrescida de um prólogo de Herbert Marcuse inédito em português, em que o frankfurtiano extrai as lições do texto clássico para os dias de hoje.
- De Rousseau a Gramsci: ensaios de teoria política, último último livro de Carlos Nelson Coutinho, que desafia a ideia de democracia como um simples jogo competitivo pelo poder político e faz um giro erudito pelo pensamento de Rousseau, Hegel, Marx e Gramsci para apontar as potencialidades transformadoras e os dilemas da democracia hoje.
- Mal-estar, sofrimento e sintoma: a psicopatologia do Brasil entre muros, de Christian Dunker, cunha o conceito de “lógica do condomínio” para levar a cabo uma das mais originais abordagens do mal-estar que permeia a sociedade brasileira hoje. Mas os sonhos de condomínio fechado produzem monstros. Despolitizar o sofrimento, medicalizar o mal-estar e condominializar o sintoma: esse tem sido o caminho escolhido na história brasileira, e é contra ele que se move este livro.
- Democracia contra o capitalismo, de Ellen Wood, recupera a radicalidade do conceito grego de democracia, contra o sistema capitalista e sua correlata concepção reduzida de democracia formal.
—
Fonte: Blog da Boitempo.