Por Claudia Weinman, de Descanso – SC, para Desacato.info
Mais de 300 jovens de diferentes estados e países, discutiram a história e importância da organização das juventudes, além de debateram a necessidade de criação de mídias alternativas
O Primeiro Acampamento das Juventudes do Campo e da Cidade, realizado nos dias 05, 06 e 07 de setembro em linha São Valentim, município de Descanso\SC, reuniu 350 jovens. A atividade faz parte do aniversário de 13 anos da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e 10 anos de Pastoral da Juventude Rural (PJR) no Extremo-oeste de Santa Catarina.
Acampamento teve a participação de Jovens do Campo e da Cidade
Conforme o integrante da coordenação das pastorais, Wesley Padilha, jovens de diferentes estados e de outros países participaram das discussões envolvendo a história e a participação das juventudes nas lutas históricas das organizações sociais. Padilha cita a contribuição da professora Ana Carolina Caridá, que esteve realizando esse debate com as juventudes do acampamento ainda no sábado dia 05. Já no dia 06, Padilha comenta que houve a discussão sobre a comunicação e o poder midiático.
Com o tema do Grito dos Excluídos e Excluídas deste ano, “Que país é esse que mata gente, que a mídia mente e nos consome”, Padilha reforçou a presença da Jornalista Elaine Tavares, e do Educador Popular Jilson Souza que estiveram no domingo, falando sobre a necessidade de construir novas formas de comunicar. Elaine entende que a mídia tradicional não possui compromisso com as diferentes faces da sociedade. “A mídia comercial mente, não tem compromisso nenhum com a verdade. Essa enganação não se dá só na notícia ou quando vemos o Jornal Nacional, ela se reproduz em todos os programas de televisão. O que são essas séries? Ideologia. São mentiras que nos jogam na cabeça para dizer que a vida é assim. As séries mostram cenas de assassinato, violência, tortura, em que os torturadores são os mocinhos”, reflete.
O Educar Jilson Souza propôs durante o debate, que a juventude tenha consciência crítica, principalmente quando o assunto é comunicação. “Notícia ruim a gente não curte, a gente compartilha e compartilha a nossa indignação. Ou nos construímos comunicacionalmente ou seremos engolidos pelo capital”, argumenta.
Mística e história das pastorais
Além da construção coletiva de debates, a celebração de 10 e 13 anos das pastorais mostrou durante as místicas realizadas, os principais momentos de lutas vivenciados pelas juventudes. Em um deles, um jovem e uma jovem entraram segurando nas mãos uma bandeira e uma camiseta rasgada. A cena segundo a coordenação do acampamento foi replicada e remete a uma situação vivenciada pelo coletivo quando as duas pastorais estavam iniciando a articulação na região.
Outro jovem também contextualizou a violência que sofreu no ano de 2013, onde após uma formação do coletivo, e enquanto caminhava junto a outros companheiros rumo à sua casa, localizada em uma comunidade empobrecida de São Miguel do Oeste, a Vila Nova I, foi covardemente atacado por policiais militares.
Durante o encontro ainda, os jovens acompanharam a apresentação do Músico Popular Pedro Munhoz. Os jovens também agradeceram a irmã Vitória Balbinot de Descanso pelo apoio incondicional a vida da juventude. A comunidade da linha São Valentim também foi homenageada e o Padre Egídio Balbinott, Pároco de Descanso, enfatizou a importância da juventude estar se organizando.
O acampamento encerrou no dia 07 de setembro, onde mais de 300 jovens participaram da marcha do Grito dos Excluídos\as em São Miguel do Oeste. Uma comitiva de carros e ônibus coloriram as ruas do município. “Fomos para a rua mostrar parte do que construímos no acampamento durante as conversas e oficinas culturais. Sabemos que muitas pessoas não nos compreendem, porque a nossa consciência é crítica e isso incomoda aqueles que pensam apenas no seu bem estar, ao contrário da nossa luta, que é coletiva”, finaliza o jovem camponês, Mateus de Deus e Silva.
Foto: Comunicação Acampamento