11 ruas que devem tirar nome de ditadores em São Paulo

17 prédios municipais: 12 escolas e 5 ginásios também homenageiam participantes na ditadura

José Villani Côrtes era sindicalista e foi preso em Juiz de Fora no dia 30 de março de 1964. É considerado o primeiro preso político do golpe que levou o país a uma ditadura de 21 anos .Arte: Camila Matheus em jornal Pharol

Redação com informes de ICL e Pharol.

A Comissão da Memória e Verdade e o programa Ruas de Memória afirmam que pelo menos 38 logradouros em São Paulo homenageiam pessoas vinculadas à ditadura cívico-militar. Desses nomes, 22 têm envolvimento ativo com a repressão.

17 prédios municipais: 12 escolas e 5 ginásios também homenageiam participantes na ditadura.

Segundo o juiz, Luiz Manuel Fonseca Pires, da 3º Vara de Fazenda Pública do TJSP, que tomou a decisão,  11 casos considerados sensíveis e deverão ter o nome alterado. Em um  prazo de 60 dias a prefeitura deve apresentar um cronograma para a mudança de nome desses logradouros.

Devem mudar seus nomes:

  1. Crematório Municipal de Vila Alpina — homenageia diretor do Serviço Funerário do Município de São Paulo que dá nome ao crematório. Ele é uma pessoa controversa porque viajou à Europa para estudar sistemas de cremação em momento coincidente com o auge das práticas de desaparecimento forçado. Corpos exumados foram clandestinamente enterrados na vala de Perus no mesmo período de atuação do diretor no Departamento de Cemitérios da cidade.
  2. Centro Desportivo situado na Rua Servidão de São Marcos — Zona Sul de São Paulo: atribuído a general chefe do Centro de Informações do Exército (CIE) de novembro de 1969 a março de 1974. Ele liderou a Operação Marajoara que resultou no extermínio da Guerrilha do Araguaia.
  3. Marginal Tietê — Zona Norte/Centro: afirma-se que o marechal do Exército e ex-presidente do país (de 1964 a 1967) foi uma das lideranças do golpe de Estado de 1964 que instalou a ditadura militar e criou o Serviço Nacional de Informações (SNI), fundamentou perseguições políticas, torturas e execuções durante o período.
  4. Ponte das Bandeiras — Zona Norte/Centro: em 2017 a Câmara Municipal de São Paulo aprovou a mudança do nome da Ponte das Bandeiras em homenagem ao ex-senador e ex-diretor do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), órgão da repressão política durante a Ditadura Militar.
  5. Rua Alberi Vieira dos Santos — Zona Norte: trata-se de ex-sargento da Brigada Militar do Rio Grande do Sul e colaborador do Centro de Informações do Exército (CIE), com participação no massacre do Parque Nacional do Iguaçu e na armação de emboscadas e chacinas de  resistentes, detenções ilegais, execuções, desaparecimento forçado de pessoas e ocultação de cadáveres.
  6. Rua Dr. Mario Santalucia — Zona Norte: foi médico-legista do Instituto Médico Legal e teve participação em caso de emissão de laudo necroscópico fraudulento.
  7. Praça Augusto Rademaker Grunewald — Zona Sul: vice-presidente durante a ditadura entre 1969-74, no governo Médici, o período mais intenso de repressão, censura e cassação de direitos civis e políticos.
  8. Rua Délio Jardim de Matos — Zona Sul: integrou o gabinete militar da Presidência da República do governo Castelo Branco e foi um dos principais articuladores do movimento que promoveu o golpe de Estado de 1964.
  9. Avenida General Enio Pimentel da Silveira — Zona Sul: segundo consta no pedido inicial, serviu no Destacamento de Operações de Informações — Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do I Exército de abril de 1972 a junho de 1974. Teve participação comprovada em casos de tortura, execução e desaparecimento forçado.
  10. Rua Dr. Octavio Gongalves Moreira Junior — Zona Oeste: trata-se de Delegado de Polícia com participação em casos de tortura e ocultação de cadáveres.
  11. Rua Trinta e Um de Março — Zona Sul: dia do golpe civil-militar.

 

 

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