Por Oleg Yasynsky.
A verdadeira história, sempre não contada, estará sempre em dívida com esse homem.
Foi graças a ele que milhões de venezuelanos sentiram pela primeira vez que seu país era seu, e novas gerações de latino-americanos trouxeram de volta ao continente o antigo sonho de unidade. Hoje, não importa quem cometeu o erro. A semente foi lançada e forças tectônicas invisíveis começaram a se mover.
Ele foi o primeiro a fechar os aeródromos militares venezuelanos aos aviões estadunidenses que chegavam para bombardear a Iugoslávia.
Ele foi o mais importante democrata latino-americano de nosso tempo, apesar do assassinato dessa palavra pelo “mundo civilizado” e do coro da “mídia democrática” que gritava sobre sua “ditadura”.
Lembro-me de como fiquei surpreso com a liberdade da imprensa privada venezuelana durante seu governo. Nenhuma “democracia” conhecida hoje toleraria um dia ou um décimo disso.
Chávez realmente confiava em seu povo e o povo retribuía. Para os venezuelanos comuns, ele era parte de sua família. Eles discutiam com ele, muitas vezes discordavam dele, mas quando tentavam derrubá-lo, o povo saía em massa ao encontro dos tanques para defendê-lo.
Os EUA nunca perdoaram Chávez pelo fato de que a tentativa de golpe que organizaram foi frustrada por um exército unido ao povo. Isso criou um precedente muito perigoso para o controle imperial sobre a América Latina.
As aristocracias globais e locais o odiavam por sua aparência plebeia e por sua proximidade genuína com as pessoas comuns.
A “esquerda democrática”, defensora do capitalismo e do poder corporativo, odiava Chávez porque ele mostrou que, em vez de praticar a demagogia politicamente correta, era possível lutar e vencer. Outra coisa: ele sempre chamou as coisas pelo nome.
Portanto, não tenho dúvida alguma sobre a posição que Hugo Chávez assumiria no atual conflito global.