Voto online na eleição do Diretório Central dos Estudantes – Um debate necessário

Por José Braga para o UàE.

Na última semana uma polêmica ressoou pela universidade: a proposta da atual direção do DCE-UFSC, Liberdade para Voar, 2016-2017, de que a votação para a eleição do diretório neste ano seja realizada por meio virtual, no Sistema de Controle Acadêmico na Graduação (CAGR). De acordo com a direção, a mudança da votação que atualmente se dá em urnas espalhadas pelos centros e campis em cédulas de papel para a votação online tornaria a eleição mais democrática e integraria mais estudantes ao processo.

Esta proposta foi levada ao Conselho de Entidades de Base, que reúne representantes dos Centros Acadêmicos dos cursos de graduação e do Grêmio do Colégio de Aplicação na última quarta-feira, 10 de maio, nas sessões em que o conselho discute as regras para eleição da direção da entidade neste ano – o regimento eleitoral para eleição da direção do DCE em 2017. Naquele momento o grupo que está no DCE apresentou os votos por procuração de 16 centros acadêmicos dos campi de Joinville, Curitibanos, Blumenau e Araranguá. No entanto, o Conselho rejeitou a possibilidade de votação por procuração, e a decisão sobre os meios de realizar a votação foi adiada, devendo acontecer no decorrer desta semana.

O debate é polêmico, e esta possibilidade de alteração na forma de votação já foi levantada muitas vezes, ainda que não proposta efetivamente. Há na comunidade diferentes posições acerca do voto online e de suas implicações para o movimento estudantil. Entre nossos jornalistas, por exemplo, há aqueles que já emitiram posição contrária¹. Há estudantes que requerem cautela e ponderam sobre a segurança do processo. E os que defendem que esta modificação poderia ser mais democrática. Dentre outras posições.

Há efetivamente um amplo debate a ser feito, pois esta não é uma mudança qualquer. A alteração da forma de votação para o diretório impactará nos rumos do movimento estudantil de modo imediato e futuro – é uma mudança de grande magnitude. Debater, refletir e decidir sobre esta questão é evidentemente, legítimo e necessário. Afinal, trata-se do debate de como se organiza o movimento de modo mais democrático e integrado. Este é, portanto, um debate que interessa a todos os estudantes, de todas as fases, de todos os cursos, de todos os centros e campi (e também do colégio de aplicação).

Neste sentido, um debate sobre a democracia no seio do movimento precisa ser feito de forma democrática. Todos os estudantes deveriam poder debater as diferentes posições, contrapô-las, escutar todos os lados, falar o que pensam sobre a temática e também de decidir sobre ela. Este não é um debate que pode ser conduzido com atropelo, ou ficar restrito a 40 e tantos representantes num conselho.

Esta forma, restrita, em que a maior parte do povo está apartada das grandes decisões é tão comum na política nacional. Se há efetivamente uma preocupação com a democracia e a integração dos estudantes no movimento, repeti-la é uma grave incoerência. A insistência nesta postura só pode dar a entender que não há de fato preocupação com a democracia, mas conveniência.

Que esta discussão possa ser feita amplamente, que cada centro acadêmico (e o grêmio) debata abertamente com os estudantes de seu curso, que aconteçam debates públicos contemplando todas as questões, que os estudantes tomem a decisão, qualquer que seja ela, enfim que se democratize o debate é o que podemos desejar e construir neste momento.

1 +Tentativa de golpe na UFSC: Até onde a atual direção do DCE vai por mais um mandato?

Fonte: Ufsc à Esquerda.

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