Você acharia OK dizerem: “Você pode até não gostar de negros, mas tem que respeitar”?

Por Iran Giusti. 

No dia 12 de outubro, me deparei com a campanha “Odeio Berinjela”, do Grupo Dignidade e fiquei alguns minutos tentando entender o que tinha acabado de ver. No vídeo de 30 segundos, um jovem demonstra toda sua raiva com o pobre do legume (ou se quiserem ser mais corretos, com a fruta) e depois de algumas graças e de responder para a sogra simplesmente que não queria consumir a berinjela surge o texto:

COM ORIENTAÇÃO SEXUAL É A MESMA COISA, VOCÊ PODE DISCORDAR, MAS TEM QUE RESPEITAR

Eu entendi a ideia mas fiquei perplexo com o conteúdo. Para começar, é completamente infundada a comparação. Paladar não é gosto, e ser LGBTfóbico, racista, ou misógino também não. Ser alguma dessas coisas (ou todas elas) depende de vários fatores, entre eles o desconhecimento e a falta de informação, agora dizer que a única coisa que é preciso , é respeitar beira o absurdo.

Eu acredito em um trabalho de conscientização, de diálogo, de uma linguagem acessível, agora produzir uma campanha como essa é ofensivo. Como você se sentiria se o texto fosse: “Você pode até não gostar de negros, mas tem que respeitar”, ou então “Você pode não gostar de quem tem olhos azuis, mas tem que respeitar”. Ia ser um absurdo certo? Por que então é normal, inclusive para uma organização tão séria como o grupo Dignidade dizer uma coisa dessas?

Vale lembrar que entre os responsáveis pela ONG estão Toni Reis e David Harrad, nomes importantes das militâncias LGBT. O Grupo Diversidade é responsável por diversos bons trabalhos que vão desde preservação histórica da cultura LGBT, como a digitalização do “Lampião da Esquina”, até Grupos de Apoio e centro de atendimento. Não é uma campanha feita por uma agência de publicidade que não tem noção do que está fazendo.

Em nota publicada no Facebook, houve uma certa tentativa de se justifica sem sucesso e a campanha infelizmente segue sendo veiculada.

Veja o vídeo completo:

Fonte: Ondda.

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