Vitória ética dos professores!

Por Lidiane Ramos Leal.

As coisas talvez melhorem.

São tão fortes as coisas!

Mas eu não sou as coisas e me revolto.

(Carlos Drummond de Andrade)

 

Em estado de greve professores voltam às aulas!

Depois de 62 dias de paralisação, a partir do dia 19 de julho, os alunos catarinenses voltam a ter aulas. Essa foi a decisão tomada em assembleia estadual pelos professores, realizada no Centro Sul, em Florianópolis. Lá estavam mais de 4 mil trabalhadores participando desse importante momento, onde decidiram permanecer em estado de greve nos próximos 120 dias quando ocorrerá outra assembleia, com o propósito de reavaliar o estado de greve.

Depois de muita luta e revelações (http://desacato.info/2011/05/raimundo-colombo-e-contra-a-educacao-publica/ e ainda http://desacato.info/2011/06/resistencia-do-magisterio-catarinense/) que essa resistente greve dos trabalhadores da educação pública do estado catarinense nos apresentou, as aulas voltam a acontecer, não sem o protesto de insatisfação dos professores. Afinal, como já escreveu Mario Benedetti, Se o coração se cansa de querer, para que serve?

No dia 13 desse mês, Deputados Estaduais aprovaram a lei que altera o salário dos professores (http://desacato.info/2011/07/os-inimigos-da-educacao/), reduzindo os salários de grande parte da categoria e consequentemente sucateando ainda mais a educação pública (sim, eles conseguiram fazer isso!).

Nesse mesmo dia foi possível presenciar o BOPE (Batalhão de Operações Especiais) confrontando esses professores que queriam somente defender os seus direitos que já estavam pra lá de usurpados. Aqui abre uma brecha para um importante questionamento: Será que os filhos desses trabalhadores do BOPE estudam em escolas privadas? Ou são somente trabalhadores e assim como os professores também são explorados? Os filhos desses deputados do PMDB, DEM/PSD, PSDB, PP e PTB, certamente não precisam de escolas públicas para ter sua educação garantida (parece ironia), mas vocês do BOPE, caso não saibam, são trabalhadores.  Esse episódio chocante me faz lembrar de um poema de Drummond,

 Preso a minha classe e a algumas roupas,

Vou de branco pela rua cinzenta.

Melancolias, mercadorias espreitam-me.

Posso, sem armas, revoltar-me?

Colombo prometeu compor um grupo de trabalho com representantes dos professores para debater a tabela salarial da categoria, atenção para esse detalhe, eles ainda vão debater com o propósito de negociar um direito já garantido por lei. É difícil entender o motivo que levou aos professores a voltar a trabalhar, diante de tanta comodidade por parte desse governador, mas, acontece que os professores já estão esgotados, não é fácil resistir a toda essa pressão (de todos os lados); muitos já haviam voltado às salas de aula por medo de perder sua vaga de professor contratado, eles tiveram seus salários cortados, grande parte sustentam suas famílias e dependem desse dinheiro para continuarem sobrevivendo, assim como o BOPE que precisa lutar contra trabalhador para manter o que chamam de ordem do Estado e sobreviverem nesse mesmo Estado que não lhes permitem ter consciência de qual classe pertencem.

Pois bem, assim ficou decidido e quero manifestar aqui total apoio aos professores que resistiram, não se entregaram e continuam acreditando e lutando. Vocês deram um belíssimo exemplo de resistência, não baixaram a cabeça nem mesmo sob a pressão desse grupo político que envergonha os catarinenses. Desejamos que as massas os reconheçam nas próximas eleições e certamente faremos o possível para que isso aconteça. Parabéns! e a luta continua! Afinal, já alertava Drummond,

Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.

As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei.

 

Imagem: educação.uol.com.br

2 COMENTÁRIOS

  1. As Vezes precisamos falar algumas verdades, as vezes queremos falar, mas poucos tem coragem.
    Parabéns Lidiane pela sua coragem e determinação

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