Vítimas do HSBC no Fórum Social Mundial

Por Carlos Eduardo.

O projeto Vítimas do HSBC, nascido em Curitiba em 2015 e que ganhou adesão em todo o Brasil desembarca oficialmente no cenário internacional esta semana. O movimento foi apresentado em Porto Alegre no Fórum Social Mundial, maior encontro de discussão e transformação social do mundo, e teve grande adesão do público. Coordenado pelo Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra) e pela agência de ideias, advocacy e comunicação Social, o Vítimas do HSBC surgiu após a divulgação de uma pesquisa realizada pelo Instituto que revelou que o assédio moral é parte das políticas de gestão do banco HSBC e tem efeitos diretos na saúde física e mental dos bancários. 

A oficina, intitulada “Outro mundo do trabalho é possível? A luta contra os métodos de gestão que adoecem” ocorreu nos dias 21 e 22 com lotação máxima, abordando a importância do meio ambiente do trabalho, a relação entre trabalho e saúde, os detalhes sobre a venda do HSBC, a extensão do movimento a outros bancos em 2016 e mais.

Entre os presentes no bate-papo, a pergunta mais ouvida foi sobre o início das demissões no banco inglês, além de relatos sobre assédio em instituições bancárias. O movimento, realizado em parceria com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, está acompanhando de perto as negociações com o HSBC e mantêm em sua fanpage um quadro de notícias atualizado sobre o assunto.

ASSÉDIO MORAL ORGANIZACIONAL

O assédio moral no HSBC extrapola aquele considerado mais “comum”, que acontece entre superior e funcionário. Para Mauro Auache, advogado e presidente do Instituto Defesa da Classe Trabalhadora, que conduziu a pesquisa, o termo correto é assédio organizacional. “Faz parte das orientações de gestão da empresa”, explica. “São ações de violência cotidiana, que nunca foram encaradas como tal, mas sim mascaradas como necessidade de competição e de performance lucrativa da empresa”.

Segundo o advogado Nasser Allan, um dos coordenadores da pesquisa, não se trata de um modelo exclusivo do HSBC: relatos de trabalhadores em outros bancos são bem parecidos. “Mas demos ao movimento o nome de Vitimas do HSBC, pois ele é um dos grandes representantes dessa prática”, fala. Além disso, a saída do banco do país torna a pauta urgente, ao trazer insegurança aos mais de 22 mil trabalhadores. 

Além da invasão da vida privada praticada pelo HSBC contra funcionários, amplamente divulgada em 2012 com a revelação de dossiê do Ministério Público, práticas comuns no banco são o recrutamento de funcionários fora do horário, a imposição de metas abusivas, o controle constante do ritmo e da produtividade, as humilhações públicas, as ameaças de demissão, a prática de horas extras não remuneradas, o controle no uso do banheiro, o isolamento físico ou social de empregados, entre outras.

O ASSÉDIO MATA – O abuso em dados

O estresse e a depressão são as doenças que mais atingem os bancários. As funcionárias mulheres são as que mais sofrem: dos trabalhadores que deixaram o banco acusando problemas de saúde, 62% são mulheres. Elas também representam 59% dos casos de assédio por danos morais.

Os fatos mais assustadores são sobre mortes e suicídios. Entre 2006 e 2013, houveram 7.074 mortes de bancários no Brasil. A principal causa de morte, de acordo com dados do Ministério da Saúde, foi o infarto.

Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores é o fato de que, dos trabalhadores que citaram problemas de saúde em decorrência do trabalho, a maioria não tinha histórico de afastamento por doenças.

por Ademir Vidolin (Secretaria de Saúde e Condição do Trabalho da Fetec – Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito) Ana Fideli (Secretaria de Saúde e Condições do Trabalho do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região) Paula Cozero e Guilherme Uchimura (Instituto Defesa da Classe Trabalhadora) no Fórum Social Mundial 2016 de Porto Alegre

Fonte: O Cafezinho

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