Violência doméstica: denúncias no ligue 180 subiram 14% nos quatro primeiros meses do ano

Segundo dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, foram 37,5 mil registros entre janeiro e abril deste ano, contra 32,9 mil no mesmo período do ano passado

(Celina/O Globo, 14/05/2020 – acesse no site de origem)

As denúncias feitas ao Ligue 180, canal do governo federal dedicado a atender vítimas de violência doméstica, cresceram 14% nos quatro primeiros meses de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (14) pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

O número total de denúncias registradas no primeiro quadrimestre de 2020 foi de 37,5 mil, contra 32,9 mil no mesmo período de 2019, com destaque para mês de abril, que apresentou um aumento de 37,6% no comparativo entre os dois anos.

O possível aumento nos casos de violência doméstica durante o isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus foi antecipado e alertado por organizações e entidades que atuam na defesa dos direitos das mulheres. Logo nas primeiras semanas de confinamento, no mês de março, as ligações para o Ligue 180 subiram 8,5%.

O ministério avalia que uma das principais causas do aumento das denúncias divulgado agora foram as mudanças implementadas nos canais administrados pela pasta, que foram ampliados em resposta ao efeito da pandemia sobre a violência doméstica. Agora as ocorrências podem ser registradas online pelo novo site da Ouvidoria e pelo aplicativo ‘Direitos Humanos Brasil‘, lançados nas ultimas semanas. Ambas as ferramentas disponibilizam chat e interpretação em Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Entre as iniciativas desenvolvidas pela secretaria está o “Vigilância Solidária”, que tem o objetivo de sensibilizar vizinhos para o combate à violência contra a mulher. A medida contou com o apoio de organizações como a Confederação Nacional dos Síndicos e a Associação Brasileira de Síndicos e Síndicos Profissionais.

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Apesar de ser uma medida essencial para conter o coronavírus, o isolamento domiciliar coloca muitas mulheres em risco quando as obriga a conviver por longos períodos com seus agressores. Não por acaso, os registros de violência doméstica aumentaram durante a quarentena imposta pela Covid-19 na China, Itália e aqui no Brasil. Especialistas também temem o aumento da subnotificação destes casos, uma vez que a restrição de circulação e a presença constante do agressor em casa pode impedir que muitas mulheres consigam buscar ajuda ou denunciar. Mas existem maneiras de ajudar essas mulheres, mesmo em meio à pandemia. CELINA conversou com a diretora-executiva do Instituto Avon, Daniela Grelin, a promotora de Justiça Silvia Chakian, do Ministério Público de São Paulo, e com a defensora Flávia Nascimento, da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, para elaborar algumas dicas de como intervir nessas situações. Elas destacam a violência doméstica não é um apenas um problema do casal, ou da polícia, mas de toda a sociedade, que não pode se omitir nessas situações. Leia mais em oglobo.globo.com/celina

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Os serviços do Lique 180 e do Disque 100, que recebe outras denúncias de violação de direitos humanos, são gratuitos e funcionam 24 horas por dia. Segundo o ministério, os canais recebem mais de 11 mil ligações diárias.

De acordo com a pasta, os canais funcionam como “pronto-socorro” dos direitos humanos, pois atendem também graves situações de violações que acabaram de ocorrer ou que ainda estão em curso, acionando os órgãos competentes e possibilitando o flagrante.

Por Leda Antunes.

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