Vereadora de São Miguel do Oeste diz que Bolsonaro “preza pela educação”

Foto: Tiarajú Goldschmidt – Imprensa Câmara SMO.

Por Claudia Weinman, para Desacato. info.

Em São Miguel do Oeste, cidade polo do Extremo-oeste catarinense, as aulas presenciais tiveram retorno ontem, dia 18 de fevereiro. Na sessão ordinária de terça-feira, dia 16, a secretária municipal de Educação, Sisse Velozo, falou que 50% dos alunos ocuparão as salas de aula enquanto os outros 50% permanecerão em aula remota em casa, em processo de alternância. Disse também que uma “pesquisa interativa” foi realizada e os dados apontam que 85,8% dos pais querem o retorno presencial e 14,2% são contrários.

O informe detalhado pela secretária do retorno presencial se contrapõe ao que decidiram prefeitos e secretários em assembleia virtual extraordinária na mesma data da sessão na Câmara de Vereadores. Durante o dia, representantes dos municípios do Extremo-oeste decidiam pelo não retorno em formato presencial em razão da “bandeira vermelha que coloca o Extremo Oeste entre as regiões de Santa Catarina em risco potencial gravíssimo para Covid-19 e o aumento de óbitos no Estado tem preocupado”.

Em sessão, a secretária informou que o prefeito de São Miguel do Oeste, Wilson Trevisan, não participou da reunião com os demais gestores da região pois teria sido convidado pelo governador do estado, Carlos Moisés, para estar com ele no dia 16, enquanto Moisés cumpria agenda em Chapecó, cidade que vive um colapso no sistema de saúde, registrando até o dia de hoje, 20.404 casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus e 180 óbitos. Ontem inclusive, uma bebê de um mês e 28 dias faleceu por covid-19. Em 24h a cidade registrou 459 novos casos.

Enquanto Trevisan estava em Chapecó, os prefeitos da Associação dos Municípios do Extremo Oeste de Santa Catarina deliberaram em não retornar às aulas presenciais no dia de ontem. Ainda na sessão, a secretária de educação mencionou que neste momento não haveria necessidade de profissionais da saúde acompanharem o processo de retorno às aulas presenciais nas escolas. “Se a coisa se agravar aí é outra situação, nós temos que experimentar primeiro, dentro dessa pandemia é um desafio, questão de ensaio e erro. Nós vamos errar e muito”, disse ela.

E se em um desses “erros” morre uma criança? Um ensaio sem volta, aliás.

Bolsonaro e a educação

Enquanto a pressão pela volta às aulas presenciais é feita por um movimento denominado “pais pela educação”, é preciso compreender que São Miguel do Oeste é a cidade que elegeu Jair Messias Bolsonaro com 68,57%, em um estado que também elegeu um dos maiores negacionistas da história com 65,82%. Bolsonaro despreza a educação e seu projeto de morte para o Brasil levou 242.178 pessoas à óbito até o momento. Mas essa não é a opinião da vereadora Cristiane Regina Zanatta, PSDB, que inclusive é pedagoga. “A gente sabe que o presidente Bolsonaro preza muito pela questão da educação e ele tem uma equipe muito boa em seu ministério da educação”, disse na sessão de terça-feira.

Assista a sessão clicando aqui.

Vacina para os/as professores/as

Os vereadores Paulo Drumm (PSD) e Moacir Fiorini (MDB) “apresentaram uma indicação solicitando ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e à secretária municipal de Saúde, Geni Girelli, que alterem o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, incluindo os profissionais de educação em grupo prioritário, juntamente com os profissionais de saúde, observada a competência municipal”.

Em sua fala, a vereadora Maria Tereza Capra (PT) reforçou: “Se a educação é prioridade os profissionais da educação deveriam ser tratados como prioridade. Quando nós temos alguém no comando do país que não crê na vacina, na ciência, isso causa o que está acontecendo agora. Paramos no tempo, questões que poderiam ter sido encaminhadas e que permitiriam que as vacinas chegassem no país não foram executadas. Estamos sorteando quem vai poder receber a vacina e quem não vai. A nossa população deve saber que a ciência existe para salvar as pessoas”, defendeu.

Situação preocupante no Extremo-oeste

Nesta sexta-feira mais 54 casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus foram registrados em São Miguel do Oeste. Ontem foram 51 pessoas. A UTI do Hospital Regional Terezinha Gaio Basso está atendendo com a capacidade máxima de lotação, realizando a transferência de pacientes.

O Hospital Regional publicou uma nota onde informa a suspensão de exames, consultas e cirurgia. Confira:

“Em função do aumento no número de casos, internações e pacientes graves aguardando leitos de UTI Covid-19, o Hospital Regional Terezinha Gaio Basso – Instituto Santé, suspende as cirurgias eletivas, inclusive as oncológicas, assim como exames agendados e consultas ambulatoriais. A determinação passa a valer a partir de segunda-feira, 22, e visa garantir contingente de pessoal e insumos para manutenção do atendimento, bem como prevenir o avanço da contaminação da Covid-19. Todos os pacientes terão suas consultas e exames reagendados.

Serão mantidas as quimioterapias e retiradas de quimioterapia/hormonioterapia via oral, bem como as coletas de exames pré-quimioterapia.

*Pronto Socorro*

Devido a quantidade considerável de pacientes graves com coronavírus aguardando em leitos de urgência, a recomendação é procurar o Pronto Socorro do Hospital Regional de São Miguel do Oeste somente em casos de urgência e emergência. Para casos menos graves, a UPA24h e a Central de Triagem estão à disposição para atender a população.

As trocas de acompanhantes e visitas na UTI para pacientes que não estão em alas Covid-19 estão com horários limitados, assim como as visitas aos pacientes internados continuam suspensas. Tais determinações estão em vigor desde o ano passado, 2020, devido à pandemia por Coronavírus”.

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