Vândalos do jornalismo

Greve dos municiparios buscou impedir entrega de serviços públicos para iniciativa privada. Foto: Míriam Santini de Abreu

Por Míriam Santini de Abreu, para Desacato.info.

Faz mais de uma semana que os jornais locais dedicam matérias – inclusive capas – para as manchas nas pedras do Largo da Catedral, no centro de Florianópolis, provocadas pela pintura de faixas no Ato pela Redução dos Preços dos Combustíveis e pela Petrobras 100% Pública, realizado dia 30 de maio. Só o Notícias do Dia deu o assunto na capa três vezes, uma delas em manchete. Nesta quinta-feira (7), uma das chamadas de capa valeu-se do título “Quanta custou o vandalismo da CUT e do PSOL no largo da Catedral”. São muitas também as notas em colunas e respectivas postagens nas redes sociais dos jornais e portais noticiosos. Valha-me São Francisco de Sales.

O assunto ecoou na Câmara de Vereadores, onde os parlamentares de extrema-direita fizeram o fato se transformar no pior ataque já visto ao patrimônio público da capital. Os mesmos vereadores que, desde ao ano passado, tiram direitos dos servidores, abrem as portas para a privatização da Comcap e permitem que direitos como saúde e educação sejam geridos pela iniciativa privada. Não terão nem dormido direito, esses nobres vereadores, tal a preocupação com as pedras portuguesas. Para coroar o esmero com o patrimônio, falta apenas encomendar missa na Catedral.

Os jornais, como era de se esperar, não perderam a oportunidade de fustigar as centrais sindicais que promoveram o Ato. A matéria do ND de hoje (7/6) usa mais de meia página para denunciar o “custo do vandalismo”, de 3 mil reais. Sim, 3 mil reais. Mas os jornais não se escandalizam com o vandalismo concreto do Executivo Municipal, tendo a reboque a maioria da Câmara de Vereadores, que tem se esmerado para destruir tudo o que cheira a público na capital. Pecadores.

Míriam Santini de Abreu é jornalista em Florianópolis.

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