Vacinação clandestina em Minas é alvo de operação da Polícia Federal

Empresários e políticos foram flagrados em Minas Gerais em esquema de vacinação clandestina contra a covid-19 dentro de estacionamento

De acordo com a PF, a suspeita é de que houve importação irregular e receptação de vacina. Foto: Polícia Federal

A Polícia Federal executou nesta sexta-feira (26) quatro mandados de busca e apreensão como parte das investigações da denúnica de aplicação clandestina de vacina em políticos e empresários em Minas Gerais. A ação, batizada de Operação Camarote, foi “angariar provas acerca dos fatos noticiados”, em referência ao que o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) chamou de camarote clandestino da vacina. Um grupo de empresários, políticos e respectivas famílias recebendo vacinas contra a covid-19 em um estacionamento de uma empresa de ônibus. Segundo reportagem da revista piauí, os vacinados pagariam R$ 600 pelas duas doses do imunizante.

De acordo com a PF, a suspeita é de que houve importação irregular e receptação de vacina, o que configuraria a prática dos delitos, segundo o Código Penal, tanto pelos importadores como pelos que teriam recebido o imunizante. O delito poderá ser agravado caso tenha ocorrido antes de a lei que aprova o uso da vacina ter entrado em vigor ou caso ela tenha sido aplicada antes de seu registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“A produtora, que é a Pfizer, diz que não vendeu para esse grupo, e eu acredito que não tenha vendido mesmo, porque não tem sido a política da Pfizer vender para pequenos grupos. A política da Pfizer tem sido vender para os governos. Se a Pfizer tá dizendo que não vendeu, quem comprou essa vacina? De quem comprou? Esse é um primeiro crime”, explica Padilha, em entrevista ao site Deutsche Welle.

Ponta de um iceberg?
O deputado, que é médico e foi ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff, lembra também que essa vacina não é produzida no Brasil e que são necessários diversos trâmites para a importação “Onde está esse documento de importação? Tem que estar lá no documento quem vai se responsabilizar pela vacina no Brasil”, disse. “Quem assumiu essa responsabilidade? Qual empresa? Nós precisamos saber.”

Por trás de tudo isso, segundo Padilha, pode estar algo bem mais grave. “O governo federal acabou de fazer um contrato de 100 milhões de doses com a Pfizer. Quem sabe essas vacinas não chegaram na mão de empresários e políticos como parte de propina para viabilizar a contratação dessas vacinas no país?”, questiona em vídeo publicado na quinta-feira (25) em sua conta no twitter.

Segundo a publicação da Piauí, a maior parte do grupo de empresários era ligado ao setor de transportes. Clésio Andrade, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e ex-senador, era um dos que estavam no camarote clandestino da vacina. Ele também já foi vice governador na gestão Aécio Neves (PSDB) de 2003 a 2006. Outro político citado pela revista é o deputado estadual de Minas Alencar da Silveira (PDT).

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