Uma das principais lições da Revolução Russa: a frente única

Por Laura Gontijo.

No dia 25 de outubro deste ano, no calendário juliano, e 07 de novembro no calendário gregoriano, comemora-se 100 anos da Revolução Russa, liderada pelo Partido Bolchevique, e pelos revolucionários Vladimir Lenin e Leon Trotsky.

Uma das lições mais importantes deste acontecimento histórico foi a frente única. Criada por Vladimir Lenin, esta política foi a responsável por enfrentar o Golpe de estado de Kornilov e esmagar a contrarrevolução.

Entre julho e agosto de 1917, o chefe do governo provisório na Rússia, Kerensky, apoiado pelos mencheviques e pelos socialistas-revolucionários, colocava em prática o programa do General do Exército Imperial Russo, Kornilov. Kerensky havia restabelecido os tribunais marciais e a pena de morte para os soldados, privado os sovietes de sua influência nas questões de Estado, reprimido os camponeses, dobrado o preço do pão, trazido para a capital os exércitos contrarrevolucionários e preparado a evacuação da cidade de Petrogrado revolucionária. Tal era a situação para os revolucionários.

No dia 26 de agosto, Kornilov rompe com Kerensky e ensaia um golpe, incitando seu exército contra Petrogrado. Os principais dirigentes do Partido Bolchevique estavam presos ou na clandestinidade, acusados pelo governo de ligação com o estado-maior dos Hohenzollern.

O Partido Bolchevique então fez um acordo prático com Kerensky para derrotar Kornilov, que agia em nome da burguesia e aristocracia russas. Foram criados comitês de defesa revolucionária. Durante este período, os marinheiros do cruzador Aurora, instados por Kerensky a defender o Palácio de Inverno, se dirigiram à Trotsky, que estava na prisão de Kresty, para perguntar se deviam prender Kerensky. Mas logo ficou evidente para eles que era preciso esmagar Kornilov para depois ajustar as contas com Kerensky.

Foi com a política de frente única que Kornilov foi derrotado nos últimos dias de agosto. Em setembro, Lenin propõe um compromisso aos mencheviques e aos socialistas-revolucionários para que estes constituíssem a maioria nos sovietes em sua luta pacífica contra a burguesia, garantindo ampla liberdade de agitação ao Partido Bolchevique.

A nova proposta de frente única de Lênin foi rejeitada por estes partidos. Esta foi a arma mais poderosa dos bolcheviques para a preparação da insurreição armada que sete semanas mais tarde varreu com os partidos mencheviques e socialistas-revolucionários e tornou possível a revolução.

Lição que se mostrará fundamental quando, na década de 30, em sua política defensiva, Leon Trotsky proporá a frente única entre o Partido Comunista Alemão e o Partido Social Democrata Alemão para derrotar a ascensão de Hitler. Na comparação histórica, Trotsky mostrou que a luta dos bolcheviques contra Kornilov era a mesma luta do Partido Comunista Alemão contra Hitler e a luta de Kerensky contra Kornilov era a luta de Bruening (chefe do governo alemão entre 1930 e 1932) contra Hitler.

Em setembro de 1930, o Partido Comunista Alemão acreditava que o fascismo – que era a segunda maior força política do país – tinha alcançado seu ponto culminante e que iria entrar em decomposição, preparando o caminho para uma revolução proletária. Por isso, se negavam a estabelecer um compromisso com o Partido Social Democrata, que aglomerava milhares de operários em suas fileiras, contra Hitler. Uma das questões que o PCA colocava contra a constituição desta frente era o fato de que a social democracia tinha assassinado em 1919 nada mais nada menos que Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht.

A recusa em colocar em prática a mesma lição que ensinou Vladimir Lenin durante a Revolução Russa custará muito caro não só para o Partido Comunista Alemão, como para toda a humanidade. Em 1932, os nazistas tornaram-se o segundo maior partido parlamentar e em janeiro de 1933 Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha por Hindenburg. Um mês depois ele provoca o incêndio do Reischstag, elimina toda a oposição e estabelece os nazistas como único partido político da Alemanha.

As lições da revolução russa estão presentes até os dias atuais e mostram a magnitude desta que foi a maior revolução proletária que o mundo já conheceu.

 

Fonte: O Homem Livre.

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