Um olhar: Não é pela Dilma. A Esquerda tem um projeto.

Por Claudia Weinman, para Desacato.info. 

Dia 09 de junho de 2016. Muitos companheiros e companheiras saíram de madrugada de seus acampamentos, assentamentos, de suas moradias tão longínquas para mais um dia de luta, neste frio que movimenta o Oeste do Estado Catarinense. Chapecó-SC, recebeu na manhã de quinta-feira uma diversidade de gentes, que unificaram-se nas ruas e organizarem-se para levantar suas bandeiras de recusa ao governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB).

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Não foi por Dilma Rousseff, nem mesmo por Luiz Inácio Lula da Silva. A esquerda tem um projeto que não prevê acordos, troca de favores. A política ‘governamentista’ de Dilma abandonou indígenas, quilombolas, não prosseguiu com o projeto histórico de Reforma Agrária e deixou de atender uma grande parcela que a elegeu em nome de um projeto. Sem dúvida, sua pessoa merece apoio do povo neste momento pelas tantas gentes que sentiram o prazer de não passar fome, de oferecer às suas crianças logo pela manhã, o “pão nosso de cada dia”. Mas ainda assim, é preciso fazer o contraponto e esclarecer que o povo organizado quer a efetivação de um projeto, que leva nome de “Reino de Deus”, de Socialismo, de Comunismo, e outros tantos que nas rodas de conversa destas mobilizações, são citados.

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Para muitos\as, o dia de ontem representou esperança. Deixar a roça para prosseguir com o coletivo só pode ser escolha de quem ainda acredita na transformação. Nos diálogos, mulheres falaram sobre os direitos que lascados ao meio ou por completo, representam unicamente o golpe de um governo que pensa sim nas mulheres, como escravas, como servis do capitalismo, até que suas forças se esvaiam na aposentadoria tardia, que servirá apenas para custear os gastos com a saúde, se der.

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Das periferias, também apareceram falas de juventudes que alimentam a luta. Jovens, que no último dia 04 de junho, deixaram suas comunidades e caminharam junto ao povo, para contribuir na ocupação Marcelino Chiarello, entre os municípios de Guatambú e Chapecó-SC. Uma juventude humana, que traz no olhar a alegria da conquista, e a aflição pela determinação que a Justiça os deu, de saírem das terras ocupadas em até 20 dias. O povo fará resistência. Decisões políticas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão acontecendo mas enquanto isso, a gente insiste em olhar para o rosto desses jovens e ver o desejo de permanência na terra que para além da plantação de Pinos, deve servir de alimento para o povo.

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Abraçar a causa da luta, é bem difícil. Ainda falta bastante. Falta ver companheiros\as que ‘abraçaram a política de governo’ saírem de suas casas, ali próximas, para juntarem-se aos que saíram de lugares tão longe, de madrugada, para ocuparem o chão de Chapecó, terra de povo indígena, do povo que hoje ocupa às periferias da cidade, com muita insistência.

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Nesta luta insistente, a marcha foi bonita. Ocupar a Caixa Econômica Federal, levantar às bandeiras em frente ao prédio do Incra, movimentar a praça, encher ruas de povo e povo de esperança. A luta vai se fazendo assim, como em tantos momentos da história do Brasil. Paraguai, Argentina, Honduras, França, Colômbia, e por aí vai. O Povo Latino-americano reconhece o sofrimento, embora há muito o que despertar ainda pois o sistema Capitalista corrompe, aliena, ameaça sonhos, empregos, e vai sufocando trabalhadores\as, muitos em situação de trabalho escravo hoje.

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Estamos caminhando, construindo, tentando, garantindo. Isso é importante. Mas este, é apenas um olhar sobre a mobilização de quinta-feira, de estar perto de quem queremos, de trocar conquistas, de sentir medos, de abraçar com coragem quem move a roda da história e querer que essas gentes todas tenham vida o suficiente para comemorar a grande festa pela liberdade. Até a vitória!

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